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quarta-feira, 27 de março de 2024

Arte e Fé - Quinta feira da Semana Santa, Ciclo B - Quadro de Tintoreto, "Jesus lavando os pés dos discípulos".

I. - Quinta feira Santa



A  Quinta-feira Santa relembra a última ceia que Jesus tomou com seus Apóstolos, em preparação à Páscoa. Durante a Ceia, Jesus surpreendeu a todos ao se levantar e lavar os pés de cada um dos Apóstolos, mostrando que a autoridade só pode ser entendida como serviço aos outros.

Depois da purificação, Jesus instituiu a Eucaristia, repartindo o pão e o vinho, transformados em seu Corpo e Sangue. Depois da Ceia, Jesus saiu com seus discípulos e foi para o outro lado do riacho do Cedron, onde havia um jardim. Judas Iscariotes também conhecia este lugar e levou uma tropa e alguns guardas dos chefes dos sacerdotes que prenderam Jesus e o levaram para Anás, começando, assim, o seu calvário. (fonte: Portal PUC Campinas)

Evangelho (Mc 14, 12-16.22-26)

No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus:

«Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?».

Jesus enviou dois discípulos e disse-lhes:

«Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Segui-o e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: "O Mestre pergunta: Onde está a sala, em que hei de comer a Páscoa com os meus discípulos?". Ele vos mostrará uma grande sala no andar superior, alcatifada e pronta. Preparai-nos lá o que é preciso».

Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito e prepararam a Páscoa.

Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção e partiu-o, deu-o aos discípulos e disse:

«Tomai: isto é o Meu corpo».

Depois tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos beberam dele. Disse Jesus:

«Este é o Meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens. Em verdade vos digo: Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».

Cantaram os salmos e saíram para o monte das Oliveiras.


II  - O quadro de Tintoretto - Museu do Prado, 1548 a 1549, 

"Jesus lavando os pés dos Apóstolos"


       Tintoretto, “Christ Washing the Disciples’ Feet,” 1548–1549, Museu do Prado


III. - Reflexão baseada no Quadro - Daniela Zsupan - Loyola University


A interpretação dramática de Tintoretto de Cristo lavando os pés dos discípulos nos convida a entrar em um grande salão, com arquitetura suntuosa e vistas esplêndidas. Tintoretto nos tira do contexto histórico da Jerusalém do primeiro século para mostrar a atemporalidade do acontecimento. Jogando ainda mais com o tempo, sua grande cena coloca lado a lado o passado, o presente e o futuro. A atenção cuidadosa a essas cenas justapostas nos convoca a navegar pela narrativa visual em forma de U, da direita para a esquerda.

No canto superior direito, obscurecido pela penumbra, está o passado recente: a cena da refeição da Última Ceia. Em primeiro plano está o presente – o momento do lava-pés. Tintoretto reproduz a mesa de jantar para sublinhar uma ligação com a refeição, cujos vestígios ainda perduram como se vê no pão e na jarra. O artista também reduz o tempo entre o lava-pés de Pedro, canto inferior direito, com o efeito que isso deve ter produzido no resto dos discípulos. Eles são convidados a participar do ritual também e, nesta cena, isso ocorre de uma só vez.

Os discípulos e suas variadas respostas ao lava-pés são o foco visual da cena. Os dois ajudando a despir os pés um do outro demonstram urgência. A figura na parte inferior esquerda desfazendo firmemente as tiras das sandálias mostra obediência constante, assim como o discípulo atrás de Jesus removendo a meia. A figura sentada em oração contra uma coluna nas costas é um exemplo de discernimento. Os que ainda estão sentados à mesa significam observação e diálogo e, por fim, a figura mais distante e mais escondida nas sombras mostra suspeita e resistência. Ele provavelmente é Judas.

No canto superior esquerdo da cena, vemos uma vista sobre um pátio com piscina ladeado por arquitetura clássica, que conduz a perspectiva muito além através de um arco. Passando do primeiro plano para o fundo da vista, as imagens nos dão uma visão abreviada dos eventos que acontecerão após a Última Ceia. A urgência dos discípulos prenuncia a sua pressa no jardim quando Jesus é preso. Judas, permanecendo nas sombras, convida-nos para as horas mais sombrias da Paixão de Jesus que se seguirão. A piscina com o barco é a morte, uma reminiscência da antiga mitologia da vida após a morte, especificamente da travessia do rio Estige da morte para a eternidade. A quietude evoca mais o Sábado Santo do que a Sexta-feira Santa. O arco e o obelisco são ambos sinais de conquista e triunfo na arquitetura clássica, e aqui nos dão uma promessa de esperança eterna e da vitória que virá no Domingo de Páscoa. Esta pintura é, portanto, um excelente convite a todo o Tríduo Pascal.

 

Commentary is by Daniella Zsupan-Jerome, director of ministerial formation at Saint John's University School of Theology and Seminary.


IV. - Quem foi Tintoretto

Tintoretto, nome artístico de Jacopo Robusti (Veneza, ca. 1518 — 31 de maio de 1594), foi um dos pintores mais radicais do maneirismo. Por sua energia fenomenal em pintar, foi chamado Il Furioso, e sua dramática utilização da perspectiva e dos efeitos da luz fez dele um dos precursores do Barroco. Seu pai, Battista Comin, era tintore (tingia seda), o que lhe valeu o apelido.

Tintoretto, autoretrato,



Tintoretto saiu pouco de Veneza, ele amava todas as artes, tocava vários instrumentos musicais, alguns de sua invenção, desenhou roupas e adereços para o teatro, era versado em mecânica e era uma companhia agradável. Dificilmente admitia algum amigo no local de trabalho e mantinha suas ideias e modelos escondidos dos olhares, mesmo de seus assistentes. Usava, por insistência da esposa, a roupa de um cidadão de Veneza.

A obra de Tintoretto era desigual, às vezes pintava muito rápido, com uma capacidade impressionante de trabalho. Seus contemporâneos diziam que Tintoretto em algumas obras era igual a Ticiano, em outras era pior que Tintoretto.

A comparação da Última Ceia de Tintoretto com a de Leonardo dá uma demonstração instrutiva sobre como o estilo artístico moveu-se durante o Renascimento. Leonardo é todo clássico response. A disciplina se irradia de Cristo em simetria matemática. Nas mãos de Tintoretto, o mesmo evento é dramaticamente distorcido, enquanto as figuras humanas são elevadas pela erupção do espírito humano. Pelo dinamismo de sua composição, seu uso dramático da luz e seus efeitos de perspetiva, parece um artista barroco antes da hora. (fonte Wikipedia)

V. Mensagem do Papa sobre o Lava Pés -  2023

“O rito do lava-pés não é folclore, mas nos diz como devemos ser”. "Todos podem escorregar, Jesus nos ama como somos". É a mensagem que o Papa Francisco deixa aos jovens na sua breve homilia durante a missa em Coena Domini (Missa do lava-pés), no Instituto Penitenciário para Menores de Casal del Marmo.

Bergoglio, em sua homilia pronunciada sem texto, recorda Jesus lavando os pés dos Apóstolos: "Os discípulos ficaram espantados quando viram Jesus fazendo trabalho de escravo. Se nós ouvíssemos isto de Jesus, iríamos imediatamente nos ajudar uns aos outros, mas em vez disso nos fazemos de espertos, aproveitando-se um do outro. É bonito ajudar, isso nasce de um "coração nobre"". Cada um de vocês pode dizer: "mas, se o Papa soubesse o que eu tenho dentro. Mas Jesus nos ama como somos, Ele não tem medo de nossas fraquezas. Ele quer nos acompanhar, nos levar pela mão. Farei o mesmo gesto de lavar os pés, mas não é folclore, é um gesto que anuncia como devemos ser".


''Na sociedade - a reflexão - há muitas injustiças: pessoas sem trabalho, pessoas que trabalham e são pagas pela metade, famílias desfeitas. Cada um de nós pode escorregar e isso nos dá a dignidade de ser pecadores. É por isso que Jesus quis lavar os pés para ajudar uns aos outros. Assim, a vida é mais bonita". E Francisco conclui: "Eu espero conseguir porque não consigo andar bem, mas vocês pensem: Jesus lavou os meus pés''.


VI. - Referências


Wikipedia - Tintoretto
Arte e Fé - Loyola Press


segunda-feira, 18 de março de 2024

Sorrento, ponto de passagem especial

 1. - Introdução

A

A história de Sorrento é uma mistura das civilizações que aqui floresceram. Os gregos antigos foram os primeiros a serem seduzidos por sua beleza, chamando-a de "Syrrentum", um nome que ecoa as sereias mitológicas que, segundo a lenda, habitavam suas águas. Diz-se que essas criaturas encantavam os marinheiros com seus cantos hipnóticos, atraindo-os para a costa rochosa de Sorrento, onde encontravam seu destino nas mãos da natureza implacável.

Visão de Sorrento, wiki.en


Com o passar dos séculos, romanos, bizantinos, normandos e espanhóis deixaram sua marca nesta terra, cada um contribuindo para o rico mosaico cultural de Sorrento. As ruínas romanas, igrejas medievais e palácios renascentistas contam histórias de um passado glorioso, enquanto as estreitas ruas mostram a vida e as tradições do presente.

Entretanto, Sorrento não é apenas um relicário de história e cultura. É principalmente um santuário de belezas naturais, onde a magia se manifesta em cada esquina. Os penhascos dramáticos se erguem majestosamente sobre o mar azul-turquesa, oferecendo vistas de tirar o fôlego que inspiraram poetas, pintores e sonhadores ao longo dos séculos. Os jardins exuberantes e os pomares de limões dourados exalam um perfume doce, uma promessa etérea de felicidade e serenidade.

2. - História resumida de Sorrento


A história de Sorrento é rica e multifacetada, marcada por influências de diversas civilizações ao longo dos séculos. Vamos percorrer os principais fatos históricos, desde a sua fundação até os dias atuais, destacando os principais protagonistas e eventos de cada época.

  • Fundação e Era Antiga: Século VIII a.C.: Acredita-se que Sorrento foi inicialmente habitada pelos Italiotas, ou seja, os povos gregos que se estabeleceram no sul da Itália. A cidade era conhecida como Surrentum.
  • Século V a.C.: Os oscos, um dos povos itálicos, tomaram a região, deixando suas marcas na língua e na cultura local.
  • Século IV a.C.: A cidade passa a fazer parte da esfera de influência de Roma. Durante o domínio romano, Sorrento floresceu, tornando-se um resort popular entre os patrícios romanos, como é evidenciado pelas luxuosas villas que pontilham a costa.
Os romanos

  • Idade Média:455 d.C.: A cidade sofre com as invasões dos vândalos.
  • Séculos IX-XI: Sorrento enfrenta constantes ataques de sarracenos e normandos. No entanto, durante este período, a cidade consegue manter uma certa autonomia, graças à sua posição estratégica e às fortificações construídas para se defender dos invasores.
  • 1133: Sorrento é conquistada por Roger II da Sicília, tornando-se parte do Reino Normando da Sicília.
  • Renascimento e Idade Moderna: Século XV: Sob o domínio de Fernando I de Aragão, Sorrento conhece um período de paz e prosperidade. A cidade se torna um centro de humanismo e cultura, atraindo artistas, poetas e filósofos.
Fernando I de Aragão

  • 1558: Sorrento é saqueada pelos otomanos sob o comando de Piyale Pasha, um evento traumático que leva à reconstrução e fortificação da cidade.
  • Era Contemporânea:Século XIX: A cidade se transforma em um importante destino turístico durante o Grand Tour, atraindo escritores, artistas e aristocratas de toda a Europa, incluindo personalidades como Lord Byron, John Keats e Friedrich Nietzsche.
  • Unificação da Itália (1861): Sorrento é incorporada ao Reino da Itália. Durante este período, a cidade continua a florescer como um destino turístico, beneficiada pela sua beleza natural e patrimônio histórico.

Garibaldi, unificação italiana

  • Século XX: Sorrento e a Costa Amalfitana se consolidam como destinos turísticos de elite. A cidade sofre danos durante a Segunda Guerra Mundial, mas se recupera rapidamente, continuando a atrair visitantes de todo o mundo.
  • Dias Atuais: Sorrento mantém seu charme histórico, com suas ruas estreitas, igrejas antigas e vistas deslumbrantes do Mar Tirreno. A cidade é conhecida por sua produção de limoncello, artesanato e como ponto de partida para explorar a Costa Amalfitana, Pompeia e o Monte Vesúvio.

Ao longo de sua história, Sorrento foi palco de eventos significativos e lar de várias figuras importantes, incluindo o poeta Torquato Tasso no século XVI. A cidade reflete um legado de resiliência e beleza, atraindo visitantes com sua rica história, cultura vibrante e paisagens deslumbrantes.


3. - Principais locais para visitar em Sorrento

Sorrento é uma cidade repleta de história e cultura, com muitos de seus pontos turísticos refletindo séculos de desenvolvimento. Vamos revisar os principais locais para visitar em Sorrento, adicionando informações sobre suas datas de construção e seus fundadores, sempre que disponíveis:
  • Il Vallone dei Mulini (Vale dos Moinhos): Este local encantador remonta ao século X, embora o moinho abandonado visível hoje tenha sido construído no início do século XIX. O vale era originalmente usado para moer trigo, com a energia fornecida pela força da água.

Vale dos Moinhos, foto idealista.pt


  • Marina Grande: Embora a Marina Grande seja um porto natural que tem sido usado desde tempos antigos, a configuração atual do porto de pesca e a comunidade que o rodeia desenvolveram-se ao longo de séculos, sem uma data específica de construção ou um único fundador.

  • Marina Piccola: è da Marina Piccola que saem a maior parte dos ferry-boats e barcos para a Costa Amalfitana.
Marina Piccola, wikipedia en
  • Cattedrale di Sorrento: A construção da catedral atual começou no século XV, especificamente no ano de 1474. A catedral foi dedicada a São Filipe e São Tiago e é resultado da evolução de construções religiosas anteriores no mesmo local.

Foto Expedia.com
  • Chiostro di San Francesco (Claustro de São Francisco): Este belo claustro foi construído no século XIV, fazendo parte de um complexo religioso que também inclui a Igreja de São Francisco de Assis. A construção do claustro é atribuída à ordem franciscana, que teve uma presença significativa em Sorrento.
Claustro de São Francisco, dreamstime


  • Corso Italia: O Corso Italia é a principal rua de Sorrento e, como tal, tem evoluído com a cidade ao longo dos séculos. Não há uma "data de construção" específica, pois a rua reflete o crescimento contínuo e as mudanças de Sorrento ao longo do tempo.

  • Museo Correale di Terranova: Este museu foi fundado no final do século XIX, especificamente em 1924, por Alfredo e Pompeo Correale, últimos descendentes de uma das famílias mais nobres de Sorrento, que decidiram legar sua casa e coleções ao público.
  • Bagni della Regina Giovanna: Este local natural, com suas ruínas romanas, tem sido um ponto de interesse desde a antiguidade. A piscina natural e as estruturas associadas não têm uma data de construção específica, mas as ruínas próximas datam do período romano.

Banho da Rainha Giovana, foto Italia.it

  • Belvedere di Sorrento (Mirante de Sorrento): Como um ponto de vista natural, o Belvedere di Sorrento não tem uma "data de construção". No entanto, a área tem sido equipada e melhorada para visitantes ao longo dos anos, especialmente no século XX.

  • Basilica di Sant’Antonino: A basílica original foi construída no século XI, dedicada a Sant'Antonino Abate, o santo padroeiro de Sorrento. A igreja foi reconstruída e ampliada em várias ocasiões desde então.
  • Piazza TassoPiazza Tasso é um lugar central e praça em Sorrento, no sul da Itália . A praça leva o nome do poeta Torquato Tasso (1544–1595).

    Na praça principal, conhecida como Largo da Casta, encontra-se a Igreja Carmelita Barroca del Carmine, pintada de amarelo, que guarda no seu interior uma pintura de Onofrio Avellino da Virgem Maria com São Simão Stock e anjos. Na praça ergue-se uma estátua de S. Antonino Abbate. A rua comercial Via San Cesareo sai da praça para o oeste.

    Também perto da Piazza Tasso fica o Palazzo Correale, agora também um museu, Museu Correale .
Piazza Tasso, pinterest, foto de


  • A produção de Limoncello: O limoncello é uma tradição de longa data em Sorrento, com suas origens exatas  perdidas na história. No entanto, acredita-se que a produção deste licor de limão começou no final do século XIX ou início do século XX.
lemoncello in Il Convento

Cada um desses locais oferece uma janela para a rica tapeçaria histórica e cultural de Sorrento, desde antigos vales de moinhos e portos de pesca até majestosas catedrais e claustros medievais. A cidade é um verdadeiro tesouro de descobertas para qualquer visitante.


3. Pequeno Mapa de Sorrento




4. - Como ir para Positano e Costa Amalfitana

Para ir a Positano de Sorrento por mar, pode-se tomar o trajeto do Porto de Sorrento, conhecido como Marina Piccola. Esse porto è facilmente acessível do centro de Sorrento, seja a pé, de ônibus ou um funicular /ascensor da Praça Tasso, o coração da cidade.   

O serviço é operado por diversas companhias de navegação. Durante a estação turística, de Abril a Outubro, tem mais horários disponíveis.    

As companhias são NLG (Navigazione Libera del Golfo), Alilauro, e Positano Jet, tra le altre.  

Meios de Transporte em Sorrento

No entanto, Sorrento é relativamente pequena e caminhar por ela oferece a oportunidade de apreciar a bela arquitetura e as vistas. Para aqueles que preferem evitar escadas ou terrenos íngremes, há alternativas como o uso de ônibus locais ou um pequeno serviço de ônibus (minibus) que conecta diferentes partes da cidade. Além disso, há um elevador (ascensore) que liga a Piazza Tasso, o coração de Sorrento, à Marina Piccola, proporcionando uma opção conveniente para evitar a caminhada íngreme.

https://www.ferryhopper.com/pt  horários 9:15, 10:00h, 10:30h, 11:00h


5. - Referências

Wikipedia - Sorrento

ChatGpt - Locais e eventos históricos em Sorrento


terça-feira, 5 de março de 2024

Palermo, dos fenícios até a unificação italiana, história fantástica.

 1. - Introdução


No litoral do Mar Tirreno, encontramos essa cidade cuja história é tão rica e complexa quanto os mosaicos que adornam suas igrejas bizantinas. Palermo, não é apenas a capital da Sicília; ela é um epicentro de civilizações, um caldeirão de culturas que se fundiram ao longo de séculos para criar uma tapeçaria urbana diferenciada. A importância histórica de Palermo transcende a mera cronologia de eventos; ela é um testemunho vivo das movimentações humanas que moldaram o Mediterrâneo e, por extensão, o mundo.

Palermo, foto© TravelFaery | Dreamstime.com

Desde os seus primeiros dias como um porto fenício até se tornar o cobiçado prêmio de impérios, Palermo viu o nascimento e a queda de dinastias, sobreviveu a conquistas e reconquistas, e emergiu como um farol de tolerância e coexistência cultural em tempos frequentemente marcados pela divisão e conflito. Cada camada de seu passado, de seus muros antigos e palácios opulentos a suas igrejas normandas e mercados árabes, conta uma história de intercâmbio e influência, de poder e resistência.

A cidade foi mais do que uma testemunha passiva da história; ela foi uma participante ativa, moldando e sendo moldada pelos povos que nela se estabeleceram. Os fenícios trouxeram comércio, os romanos, estrutura; os bizantinos, fé; os árabes, inovação; os normandos, unificação; e assim por diante, até os tempos modernos, onde Palermo enfrenta os desafios da contemporaneidade mantendo seu rico patrimônio.

Mapa do google mostrando a localização de Palermo

Obs: No mapa vemos a localização de Palermo na Sicília e o local de origem do povo Fenício,em torno do que hoje é o Líbano. Na área da Tunísia temos Túnis onde estava Cartago.

A importância de Palermo reside sobretudo na sua capacidade de ilustrar a complexidade da experiência humana. Ela serve como um lembrete de que a cultura, a arte, a ciência e a religião podem florescer mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras, e que a diversidade, longe de ser uma fonte de divisão, é uma fonte de força e beleza. Palermo é, em muitos aspectos, um microcosmo da história mediterrânica e mundial, um lugar onde o passado é sempre presente, convidando-nos a explorar, aprender e, acima de tudo, a apreciar a riqueza da herança humana. (fonte Chat GPT)


2. - Resumo Histórico


2.1 Fundação pelos Fenícios e Domínio Romano (8º século a.C. - 5º século d.C.)

A história de Palermo começa com os fenícios, navegadores e comerciantes que, no 8º século a.C., estabeleceram um porto que serviria como um elo vital no comércio mediterrâneo. 

Após os fenícios, Palermo passou a fazer parte da esfera de influência cartaginesa. A cidade, conhecida então como Ziz, floresceu quando passou para o domínio romano após a Primeira Guerra Púnica em 254 a.C., tornando-se um centro próspero até a queda do Império Romano no século V d.C.

Personagens importantes no período

  • Aníbal Mago: General cartaginês que, segundo relatos, fundou um assentamento no local que viria a ser Palermo durante as Guerras Púnicas.
  • Sérvio Túlio: Embora não diretamente relacionado a Palermo, como rei de Roma, ele expandiu o império, o que incluiu a Sicília após as Guerras Púnicas.

Ilustração de guerreiros romanos, dreamstime.com

                                   

2.2 A Era Bizantina  (535 - 831)


Com a divisão do Império Romano, Palermo caiu sob domínio bizantino em 535, marcando o início de uma era de fortificações. 

O personagem da era bizantina foi Belisário: General bizantino que reconquistou a Sicília.

Possível representação de Belisário, mosaico de Ravena,
Basílica de São Vital, foto de Petar Milošević em Wikipedia

  • ília dos ostrogodos no século VI, reintegrando-a ao Império Bizantino.

2.3 - Conquista Árabe (831 a 1072)

No entanto, foi a conquista árabe, iniciada em 831 e concluída em 1072, que transformou profundamente Palermo. Os árabes introduziram novas técnicas de irrigação, cultivando laranjas, limões e cana-de-açúcar, e fizeram de Palermo a capital do Emirado da Sicília, transformando-a em uma das cidades mais esplêndidas do Mediterrâneo, conhecida como "a cidade dos 300 minaretes".

As principais construções do período foram:

  • La Kalsa: O bairro histórico de La Kalsa, com suas ruas estreitas e mercados, reflete o planejamento urbano árabe.

Palermo, La Kalsa

  • Banho Árabe (Hammam): Embora raros, alguns banhos árabes ainda podem ser encontrados, testemunhando o estilo de vida e as práticas sociais da época.


O personagem de destaque nesse período foi Asad ibn al-Furat: Jurista e general árabe que liderou a conquista islâmica da Sicília no século IX, estabelecendo a presença muçulmana na ilha.

2.3 O Esplendor Normando: A Fusão de Culturas (1072 - 1194)


A chegada dos normandos em 1072, liderados por Roberto Guiscardo e seu irmão Rogerio de Hautervile (Roger I), marcou o início de um período de esplendor sem precedentes. 

Roger II, filho de Roger I, fundou o Reino da Sicília em 1130, unificando a Sicília, a Calabria e Puglia, e fazendo de Palermo sua capital. Sob seu reinado, a cidade tornou-se um centro de cultura e aprendizado, um lugar onde cristãos, muçulmanos e judeus coexistiam pacificamente. 

A Catedral de Palermo e o Palazzo dei Normanni, com sua deslumbrante Capela Palatina, são testemunhos da grandeza normanda.


2.3.1 - Catedral de Palermo:

A Catedral de Palermo, oficialmente conhecida como Cattedrale di Santa Maria Assunta, é um magnífico exemplo de arquitetura que reflete a rica e diversa história da Sicília. Sua construção começou em 1185 sob a direção do arcebispo Gualtiero Offamilio, durante o período normando, mas ao longo dos séculos, passou por várias modificações que incorporaram diferentes estilos arquitetônicos.


Arquitetura e Influências

A catedral é um verdadeiro mosaico de estilos arquitetônicos, incluindo elementos normandos, góticos, renascentistas, barrocos e neoclássicos. Essa diversidade é resultado das várias reformas e expansões que ocorreram ao longo dos séculos. A fachada principal, por exemplo, exibe características góticas catalãs, enquanto o interior apresenta elementos barrocos, resultado de uma renovação no século XVIII.

Uma das características mais notáveis da catedral é a sua cúpula, que foi adicionada no século XVIII. O exterior é adornado com torres e um pórtico gótico, enquanto o interior abriga várias capelas ricamente decoradas e túmulos de reis normandos, incluindo Rogério II, o primeiro rei da Sicília.


Catedral de Palermo, foto HistoriacomGosto

Interior da Catedral Palermo, foto de © Tamas Gabor | Dreamstime.com
uso editorial

Uma das fachadas laterais, foto HistoriacomGosto

Religiosidade e Santos de Devoção

A Catedral de Palermo é um importante centro de devoção religiosa na Sicília. A Assunção de Maria é a principal devoção da catedral, refletida no seu nome oficial. Além disso, a catedral também é dedicada a Santa Rosália, a padroeira de Palermo. Santa Rosália é uma figura central na religiosidade local, e sua festa, celebrada em 15 de julho, é um dos eventos religiosos mais importantes da cidade. Durante esta festa, conhecida como "Festa di Santa Rosalia" ou "U Festinu", ocorre uma grande procissão pelas ruas de Palermo, atraindo milhares de fiéis e turistas.


2.3.2 - Palácio dos Normandos (Palazzo dei Normanni): 


Originalmente um forte árabe, construído no século IX, servia como estrutura defensiva e também residencia dos emires árabes. Depois no século XI, foi expandido e transformado em uma deslumbrante residência real pelos normandos. Dentro dele, a Capela Palatina, com seus mosaicos bizantinos, é um dos exemplos mais impressionantes da síntese cultural normanda.

Palácio dos Normandos, foto HistoriacomGosto


Estrutura e Principais Salas

O palácio é uma fusão de estilos arquitetônicos, refletindo as diversas culturas que influenciaram a Sicília ao longo dos séculos. Ele combina elementos árabes, normandos, bizantinos e barrocos. Algumas das principais salas e características do palácio incluem:

  • Sala de Hercules: é o local onde os deputados da Assembleia Regional da Sicília se reúnem desde 1947. Seu nome vem das pinturas que retratam o ciclo dedicado ao herói mitológico grego, concluído no início do século XIX pelo artista Giuseppe Velasco (conhecido como Velasquez). O Parlamento Regional (ARS) exerce o poder legislativo previsto no Estatuto Autónomo da Sicília e representa o primeiro Parlamento italiano e um dos mais antigos da Europa.
Sala Hércules, Palazzo Normando, foto © E55evu| Dreamstime.com

  • Sala di Ruggero: Conhecida por seus mosaicos impressionantes que retratam cenas de caça e animais, esta sala é um exemplo da fusão de influências bizantinas e árabes.


Sala do Rei Ruggero, foto de © E55evu| Dreamstime.com

  • Sala dei Venti: Esta sala é famosa por seu teto decorado, que apresenta um intrincado trabalho em madeira.
Teto da Torre do Vento, Palazzo Reale, foto © Etrarte | Dreamstime.com

  • Apartamentos Reais: Ao longo dos séculos, o palácio foi residência de vários reis normandos, incluindo Rogério II, Guilherme I e Guilherme II. Estes apartamentos foram decorados com luxo e opulência, refletindo o poder e a riqueza dos reis normandos.                         


Sala Pompeiana ou Sala da Rainha, foto de Holger Uwe Schmitt, Wikipedia

                     

Outras Destinações:

Após o período normando, o palácio continuou a ser utilizado por governantes subsequentes, incluindo os Hohenstaufen e os reis espanhóis. Durante o domínio espanhol, ele foi ampliado e renovado, adaptando-se às necessidades administrativas e residenciais. Hoje, o Palácio dos Normandos abriga a Assembleia Regional Siciliana, servindo como sede do governo regional.


Capela Palatina - A Capela Palatina, junto com a Catedral de Monreale, está entre as maiores obras primas da arquitetura de igrejas com a utilização de mosaicos bizantinos. Estar nessas igrejas é um espetáculo indescritível que por mais que possamos enaltecer não se consegue transmitir tamanha sensação de ver essas belezas. 


Altar mor, Capela Palatina, foto HistoriacomGosto

Obs: Altar-Mor: O altar principal é ricamente decorado e é o ponto focal da capela. Acima dele, na abside, está o famoso mosaico de Cristo Pantocrátor, uma imagem central na iconografia bizantina.


Um pouco da história da Capela Palatina

A Capela Palatina é uma das obras-primas da arte normanda na Sicília. Sua construção foi iniciada em 1132 por ordem do rei normando Rogério II da Sicília. A capela é um exemplo notável da fusão de estilos arquitetônicos e artísticos bizantinos, islâmicos e latinos, refletindo a diversidade cultural da Sicília medieval.

História da Construção

  • Arquitetura e Design: A Capela Palatina foi projetada para ser a capela privada do rei Rogério II. Embora o nome do arquiteto não seja conhecido, a obra é um testemunho da colaboração entre artesãos de diferentes tradições culturais. A construção da capela levou cerca de oito anos, sendo concluída em 1140.

  • Adornos e Mosaicos: A capela é famosa por seus mosaicos bizantinos que cobrem as paredes e a abside, representando cenas do Antigo e Novo Testamento. Os mosaicos são considerados alguns dos melhores exemplos da arte bizantina fora de Constantinopla.

Mosaicos na lateral retratando figuras bíblicas, foto HistoriacomGosto

        

Figuras Bíblicas: Os mosaicos retratam várias figuras e cenas bíblicas, incluindo a vida de Cristo e eventos do Antigo Testamento. As representações são feitas com detalhes intrincados e cores vivas, típicas do estilo bizantino.

Fundos da Capela Palatina, foto HistoriacomGosto



2.3.3 Igreja de San Cataldo

A igreja de San Cataldo é um templo católico e está localizada na Piazza Bellini, próximo à Igreja de Santa Maria dell'Ammiraglio . Erguido no século XII , faz parte do conjunto de edifícios de Palermo em estilo árabe-normando tombados como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

Igreja de São Cataldo, foto de Matthias Süßen em wikipedia

A igreja está sob a custódia da Ordem dos Cavaleiros do Santo Sepulcro de Jerusalém . Atualmente não é dedicado ao culto e está aberto ao público apenas como atração turística.

Interior da Igreja de São Cataldo,
foto HistoriacomGosto


A sua fundação é atribuída a Mayon de Bari, almirante do rei Guilherme I da Sicília , como capela privada do seu palácio, hoje desaparecida. ​ A construção da igreja ocorre entre 1154 e 1160, ano do assassinato de Mayon de Bari. Após a sua morte, o templo foi confiado aos monges beneditinos de Monreale , que o preservaram até 1787


2.3.4 - Igreja de San Giovanni degli Eremiti: 


San Giovanni degli Eremiti em Palermo ( 1132 ), com corpos cúbicos e cúpulas hemisféricas, é um exemplo típico do estilo árabe presente na Sicília. 

A igreja, reconstruída de acordo com os cânones da arquitetura siciliano-normanda, é românica, mas externamente se assemelha a edifícios orientais. Esta referência ao Oriente é ainda mais sublinhada pelas cúpulas vermelhas brilhantes, restauradas no século XIX pelo arquitecto Giuseppe Patricolo , segundo uma interpretação da cor original baseada em vestígios antigos de gesso vermelho escuro.


São João dos Eremitas, foto Dalbera, wikipedia


2.3.5 Castelo de Zisa: Construído por Guilherme I da Sicília, o Bom, no século XII, este palácio reflete a admiração normanda pela arte e arquitetura islâmica, incorporando elementos árabes em seu design.

Palacio de Zisa, foto de Effems em wikipedia

O Palazzo della Zisa, concebido como residência de verão dos reis, representa um dos melhores exemplos da combinação da arte e arquitetura normanda com ambientes típicos da casa normanda (incluindo a torre dupla cúspide) e decorações árabes e engenharia para troca de ar nos quartos. É um edifício virado a nordeste, ou seja, em direção ao mar para melhor aproveitar as brisas mais temperadas, principalmente à noite, que foram captadas no interior do edifício através dos três grandes arcos da fachada e da grande janela de observação no piso superior. Além disso, estes ventos eram umedecidos pela passagem sobre o grande viveiro de peixes em frente ao palácio e a presença de água corrente no interior da Sala das Fontes dava uma grande sensação de frescura.


2.3.7
Catedral de Monreale

A Catedral de Monreale, localizada perto de Palermo, na Sicília, é uma das mais grandiosas expressões da arte normanda na Itália. Sua construção começou em 1174 por ordem do rei Guilherme II da Sicília, e a catedral foi consagrada em 1182. Embora o nome do arquiteto não seja conhecido, a catedral é um exemplo magnífico da fusão de estilos arquitetônicos e artísticos bizantinos, normandos e árabes.


Catedral de Monreale, foto wikipedia

Propósito Inicial

A catedral foi construída para afirmar o poder e a devoção religiosa de Guilherme II, além de servir como um centro religioso e político. Era também uma demonstração da riqueza e do prestígio do reino normando na Sicília.

Aspectos Decorativos

  • Mosaicos Bizantinos: Um dos aspectos mais impressionantes da catedral são seus mosaicos bizantinos, que cobrem cerca de 6.500 metros quadrados das paredes internas. Estes mosaicos retratam cenas do Antigo e Novo Testamento, com destaque para a vida de Cristo.

  • Cristo Pantocrátor: Na abside central, o mosaico do Cristo Pantocrátor é uma das figuras mais icônicas da catedral. Esta imagem, típica da arte bizantina, domina o espaço com sua imponência e detalhes ricos.


Cúpula da Catedral de Monreales, foto  @Fauk74 / Dreamstime.com


Estrutura e Arquitetura

  • Nave e Colunas: A catedral possui uma ampla nave central com duas naves laterais, separadas por colunas de granito. A arquitetura combina elementos normandos e árabes, evidentes nos arcos e na decoração.

                  
Interior da Catedral de Monreale, foto de © E55evu| Dreamstime.com

  • Claustro: Adjacente à catedral, o claustro beneditino é outro exemplo notável da arte normanda. Com cerca de 228 colunas decoradas com mosaicos e esculturas, o claustro é um espaço de tranquilidade e beleza.

Claustro Beneditino, Igreja Monreale, foto HistoriacomGosto


Altares e Capelas

  • Altar-Mor: O altar principal é ricamente decorado e serve como ponto focal durante as celebrações litúrgicas. Acima dele, o mosaico do Cristo Pantocrátor observa os fiéis.

  • Capelas Laterais: A catedral possui várias capelas laterais, cada uma decorada com mosaicos e obras de arte que refletem a devoção religiosa da época.

      
capela lateral, Catedral Monreale, foto HistoriacomGosto



2.4 Sob a Sombra dos Hohenstaufen e a Vesper Siciliana (1194 - 1282)


O final do século XII viu a ascensão da dinastia Hohenstaufen, com Frederico II fortalecendo o papel de Palermo como um centro cultural da Europa medieval. No entanto, a repressão contra a população local levou à revolta das Vésperas Sicilianas em 1282, um levante que marcou o fim do domínio alemão na Sicília.

Domínio Suábio

No período suábio, as principais atividades construtivas de Palermo foram as ampliações do Palácio dos Normandos.

2.5 A Era Aragonesa e Espanhola: Entre a Opulência e a Opressão (1282 - 1713)


Sob o domínio aragonês e, posteriormente, espanhol, Palermo experimentou tanto a opulência quanto a opressão. O século XVII, em particular, foi marcado por revoltas contra a pesada tributação imposta pela coroa espanhola. A peste de 1624 e o subsequente declínio econômico levaram a um período de estagnação.

Período Aragonês

2.5.1 -Palácio Chiaramonte-Steri: Construído no início do século XIV, reflete a arquitetura gótica-catalã, marcando o início da influência aragonesa na Sicília.

Palazzo Chiaramonte-Steri, foto Bjs, Wikipedia



Domínio Espanhol

2.5.2 Oratório do Rosário de Santa Cita

Embora a construção original date de períodos anteriores, os esplêndidos estuques de Giacomo Serpotta, adicionados no final do século XVII, refletem a exuberância do Barroco Siciliano.


Oratório de Rosário de Santa Cita

2.5.3 Igreja dos Jesuítas: 

A Igreja dos Jesuítas em Palermo, conhecida como Igreja do Gesù ou Casa Professa, é uma das mais importantes igrejas barrocas da cidade. Sua construção começou em 1564 e foi concluída em 1633. A igreja foi encomendada pela Ordem dos Jesuítas, que se estabeleceu em Palermo em 1549, com o objetivo de promover a educação e a fé católica durante a Contrarreforma.

Igreja de Jesus, Palermo, foto HistoriacomGosto


Arquitetura e Estilo

  • Arquitetos: A igreja foi projetada por diversos arquitetos ao longo de sua construção, incluindo Giovanni Tristano, que iniciou o projeto, e outros como Natale Masuccio e Giacomo Besio, que contribuíram para sua conclusão.

  • Estilo Barroco: A Igreja do Gesù é um exemplo magnífico do estilo barroco, caracterizado por sua opulência e riqueza decorativa. O interior é ricamente adornado com mármores policromados, estuques e afrescos que criam um efeito visual impressionante.


Decoração e Elementos Artísticos

  • Afrescos e Estuques: O interior da igreja é decorado com elaborados estuques e afrescos que representam cenas bíblicas e figuras de santos. O uso de cores vivas e detalhes intricados é típico do barroco siciliano.

  • Altares: A igreja possui vários altares laterais, cada um dedicado a diferentes santos e decorado com esculturas e pinturas que refletem a devoção e a arte do período.

  • Cúpula: A cúpula central é outro destaque, adornada com afrescos que representam a glória do céu, contribuindo para a atmosfera celestial da igreja.


2.5.4 - Igreja de Santa Catarina

A Igreja de Santa Catarina em Palermo é um exemplo notável da arquitetura barroca na Sicília. A construção da igreja começou em 1566 e foi concluída em 1596. Ela foi encomendada pela Ordem das Dominicanas, que se estabeleceu na região para promover a vida religiosa e comunitária.

Igreja de Santa Catarina, Palermo, foto HistoriacomGosto


Arquitetura e Estilo
  • Arquitetos: A construção da igreja envolveu vários arquitetos ao longo dos anos, mas não há um nome específico amplamente reconhecido como o principal arquiteto responsável. A obra foi um esforço colaborativo típico das grandes construções religiosas da época.

  • Estilo Barroco: A Igreja de Santa Catarina é um exemplo do estilo barroco, caracterizado por sua riqueza decorativa e elementos dramáticos. O interior da igreja é esplendidamente decorado com mármores policromados, afrescos, estátuas e estuques que criam uma atmosfera de grandiosidade e devoção.


Teto da Igreja de Santa Catarina, foto HistoriacomGosto
  • Altares e esculturasA igreja possui múltiplos altares laterais, cada um ricamente decorado com esculturas e pinturas, mostrando a habilidade artística do período.
  • Altar principal , foto HistoriacomGosto


  • Ordem Religiosa: A Ordem das Dominicanas foi a responsável pela construção da igreja. As dominicanas são uma ordem religiosa dedicada à vida contemplativa e ao serviço comunitário, e estabeleceram o convento adjacente à igreja, que funcionou como um importante centro religioso e social.

  • Mosteiro de Santa Catarina: O convento foi fundado com a missão de proporcionar um espaço de vida contemplativa e religiosa para as freiras dominicanas. Além de sua vida espiritual, as freiras se dedicavam a obras de caridade e educação, refletindo o papel social significativo dos conventos na época. O Mosteiro de Santa Catarina também era conhecido por seu costume de acolher órfãos. Esta prática fazia parte do compromisso das freiras com a caridade e o serviço à comunidade. Ao acolher crianças órfãs, o convento não apenas oferecia abrigo e sustento, mas também educação e formação religiosa, preparando-as para uma vida futura fora do convento.

  • Doceria do Convento: As freiras dominicanas do Mosteiro de Santa Catarina eram renomadas por suas habilidades na confeitaria, produzindo uma variedade de doces que se tornaram famosos na região. A produção de doces começou logo após o estabelecimento do convento, como uma forma de sustento e também como parte de sua tradição de hospitalidade.

  • Doces Especiais - Entre os doces especiais produzidos no mosteiro, destacam-se:
  • Cassata Siciliana: Um bolo tradicional siciliano feito com ricota, frutas cristalizadas e pasta de amêndoas.
  • Cannoli: Tubos crocantes recheados com um creme doce de ricota, frequentemente aromatizado com frutas cítricas ou chocolate.
  • Frutta Martorana: Doces em forma de frutas feitos de pasta de amêndoas, conhecidos por suas cores vibrantes e detalhes realistas.
2.5.4 Palazzo Pretorio (Praetorian Palace): Conhecido também como Palazzo delle Aquile, foi grandemente expandido e renovado durante o domínio espanhol, refletindo o poder e a influência da Espanha em Palermo.



2.5.5 - Personagens de Palermo e Sicília - Período Aragonês e espanhol

  • Pedro III de Aragão: Conquistou a Sicília após as Vésperas Sicilianas, um levante popular contra o domínio angevino.
  • Carlos V: Como rei da Espanha e imperador do Sacro Império Romano-Germânico, sua política e guerras tiveram um impacto significativo na Sicília durante o domínio espanhol.
  • Filipe II de Espanha - Durante o período de construção da Igreja de Santa Catarina, a Sicília estava sob domínio espanhol. Os reis que governaram Palermo e a Sicília nesse tempo foram Filipe II da Espanha (1556-1598) e seus descendentes. Filipe II foi o rei durante a maior parte do período de construção da igreja. Seu reinado foi marcado por um forte apoio à Igreja Católica, o que se refletiu na construção de igrejas e conventos. Filipe II deu início também a construção da Igreja de Gesú (Igreja Jesuíta).

  • Filipe III da Espanha (1598-1621): Filipe III sucedeu seu pai, Filipe II, e continuou a política de apoio à Igreja Católica, o que incluía o apoio a ordens religiosas como os jesuítas.

  • Filipe IV da Espanha (1621-1665): Filipe IV estava no trono quando a construção da igreja Jesuíta foi concluída. Seu reinado foi marcado por desafios econômicos e militares, mas ele continuou a apoiar a Igreja Católica e suas instituições.

2.6 O Ressurgimento de Palermo: Unificação Italiana e Além (1860 - Presente)


A expedição dos Mil, liderada por Giuseppe Garibaldi em 1860, foi um ponto de virada, culminando na anexação da Sicília ao recém-formado Reino da Itália. O século XX viu Palermo enfrentar desafios, incluindo a devastação da Segunda Guerra Mundial e a luta contra a Cosa Nostra. No entanto, a cidade renasceu das cinzas, transformando-se em um vibrante centro cultural e turístico.

2.6.1 Teatro Massimo

O Teatro Massimo Vittorio Emanuele, é um dos mais importantes e impressionantes teatros de ópera da Itália e da Europa. Inaugurado em 1897, é o maior teatro de ópera da Itália e o terceiro maior da Europa, após a Ópera de Paris e a Ópera Estatal de Viena. Sua construção e arquitetura refletem tanto a ambição cultural de Palermo quanto o estilo arquitetônico da época. Ele representa o apogeu da arquitetura neoclássica na Itália.

Teatro Massimo, foto Bjs em wikipedia

A fachada do teatro é imponente, com uma grande escadaria de entrada flanqueada por leões esculpidos e colunas coríntias que conferem uma sensação de grandiosidade. A entrada principal é decorada com um pórtico semicircular.


Teatro Massimo, vista interna, foto HistoriacomGosto


O interior do teatro é ricamente decorado, com uma sala de ópera em forma de ferradura que pode acomodar cerca de 1.350 espectadores. O teto é adornado com afrescos e lustres magníficos, contribuindo para a sua atmosfera opulenta.

2.6.2 - Museu de Palermo - Galleria Regionale della Sicilia

A Galleria Regionale della Sicilia, localizada no Palazzo Abatellis em Palermo, é um dos museus mais importantes da Sicília. Este museu abriga uma rica coleção de arte que abrange desde a Idade Média até o Renascimento, oferecendo uma visão abrangente da evolução artística na região.

Palazzo Abatellis foi construído no final do século XV como residência de Francesco Abatellis, um importante oficial do reino. O palácio é um exemplo notável da arquitetura gótica catalã na Sicília. Ele foi transformado em museu em 1954, após uma restauração cuidadosa liderada pelo renomado arquiteto Carlo Scarpa, que integrou elementos modernos ao espaço histórico.

As principais obras no museu são

 

a) A Virgem Annunziata - Antonelo Messina

A "Virgem Annunziata"  foi pintada por Antonello da Messina por volta de 1475-1476. Ela é famosa pelo seu realismo sutil e pela serenidade expressa no rosto da Virgem Maria. O uso habilidoso de luz e sombra (chiaroscuro) confere à figura uma presença quase tridimensional. A composição é notavelmente simples, com a Virgem Maria retratada de meio corpo, olhando diretamente para o espectador. Essa simplicidade, combinada com o fundo escuro, destaca ainda mais a expressão contemplativa e calma de Maria. A obra captura um momento de introspecção e graça, transmitindo emoções complexas através de uma expressão facial sutil. Isso exemplifica a habilidade de Antonello em capturar a psicologia dos seus sujeitos.


Virgem Annunziata, Antonelo Messina, 1475-1476, Galleria Reggionale, Palermo
                                                                    foto HistoriacomGosto

Como diz o seu nome Antonello nasceu em Messina, na Sicília, por volta de 1430. Ele é um dos pintores mais renomados do renascimento italiano. Ele era conhecido por sua habilidade em combinar a precisão do retrato flamengo com a sensibilidade e o uso da perspectiva italianos. Isso tornava suas obras altamente desejáveis, tanto por seu valor estético quanto pela inovação técnica que introduziam. Ele faleceu em Messina em 1479.


b) Madona com o menino - Antonelo Gagini seculo XVI



c) Vencendo a morte 




d) Outras Pinturas



                       

                              




2.6.3 - Mercato Capo


o Mercato di Capo é um dos mercados mais famosos e tradicionais de Palermo, na Sicília. Localizado no coração da cidade, perto do Teatro Massimo e da Porta Carini, o mercado é um exemplo vibrante da cultura e vida cotidiana siciliana.

Variedade de Produtos: O Mercato di Capo é conhecido por sua ampla variedade de produtos frescos, incluindo frutas, vegetais, peixes, carnes, especiarias e produtos locais. É um ótimo lugar para experimentar a culinária siciliana autêntica.

Venda de Peixes, Mercato Il Capo, foto Pmk58, Wikipedia 


2.6.4 - Mercato Balaró 

O Mercato Ballarò é o mais antigo e um dos mais populares mercados de Palermo. Localizado no bairro de Albergheria, é conhecido por sua diversidade de produtos, incluindo frutas, vegetais, carnes, peixes e especiarias. O mercado é famoso por sua atmosfera animada e barulhenta, com vendedores gritando para atrair clientes. Além dos produtos frescos, o Ballarò também oferece uma variedade de comidas de rua sicilianas, como arancini e panelle, proporcionando uma experiência autêntica da culinária local.

Mercado Balaró, foto Alessandro Cataldo, Wikipedia


2.6.5 - Mercado VucciriaEmbora o mercado em si seja muito mais antigo, ele se expandiu significativamente no século XIX, refletindo a vitalidade e a diversidade da vida urbana de Palermo. Hoje apresenta um pouco de declínio no funcionamento como mercado do dia a dia, mas ainda tem animação à noite com barracas e pequenos bares que servem bebida até tarde. 


Mercado de Vucciria
                  





2.6.6 Idade Contemporânea de Palermo - Personagens importantes
  • Giovanni Falcone e Paolo Borsellino: Juízes e heróis anti-máfia que dedicaram suas vidas a combater a Cosa Nostra em Palermo, ambos assassinados em 1992.

Falcone e Borselino, mural próximo a galeria
foto HistoriacomGosto


Tempos Modernos

Nos tempos modernos, Palermo é conhecida tanto por sua rica herança cultural quanto pelos desafios sociais e econômicos que enfrenta. Um desses desafios é a presença histórica de organizações criminosas, como a máfia siciliana, também conhecida como Cosa Nostra. A máfia começou a se consolidar na Sicília no final do século XIX, aproveitando-se das condições sociais e econômicas da região, como a pobreza e a falta de um sistema judicial eficaz.

Historicamente, esses grupos criminosos exerceram controle sobre várias atividades econômicas, desde a agricultura até a construção civil, e influenciaram a política local através de corrupção e intimidação. 

Nos últimos anos, no entanto, esforços significativos têm sido feitos para combater a influência da máfia. As autoridades italianas implementaram medidas rigorosas de combate ao crime organizado, resultando em prisões e condenações de muitos líderes mafiosos. 

Palermo, hoje, está em um processo de revitalização, buscando destacar seu patrimônio cultural e histórico enquanto enfrenta os desafios sociais e econômicos remanescentes. A cidade continua a atrair turistas interessados em sua história rica e complexa, além de seus belos monumentos e paisagens.


3. - Outros destaques em Palermo 


3.1 A praça dos quatro cantos de Palermo (fonte: palermoalcentro.com)

Quattro Canti (quatro cantos), também chamada de Piazza Vigliena, é o nome de uma praça octogonal no cruzamento entre duas ruas principais do centro da cidade de Palermo: via Maqueda e corso Vittorio Emanuele.

Esta praça especial também era chamada de Octógono do Sol ou Teatro do Sol porque durante o dia pelo menos uma das alas arquitetônicas é iluminada pelo sol.

As decorações das encruzilhadas foram realizadas entre 1609 e 1620. As quatro fontes são símbolos dos quatro rios da cidade velha: Oreto, Kemonia, Papireto e Pannaria. Depois, há as quatro alegorias das estações representadas como Éolo, Vênus, Ceres e Baco, as estátuas de Carlos V, Filipe II, Filipe III e Filipe IV e as estátuas dos quatro santos de Palermo: Santa Ágata, Santa Ninfa, Santa Oliva e Santa Cristina.

O Quattro Canti fica a apenas 500 metros dos apartamentos Fiume e Vittorio de Palermo Al Centro.


Ótima foto dos 4 cantos de autoria de https://www.palermoalcentro.com/


3.2 Praça Pretoria

A Piazza Pretoria, localizada no coração de Palermo, é famosa principalmente pela sua impressionante Fontana Pretoria, também conhecida como "Fonte da Vergonha" devido à nudez das estátuas que a adornam.

Praça Pretoria, foto HistoriacomGosto

A fonte foi originalmente encomendada por Luigi de Toledo em 1554 para decorar o jardim de sua villa em Florença. No entanto, devido a dificuldades financeiras, Luigi vendeu a fonte à cidade de Palermo em 1573.

A Fontana Pretoria é adornada com uma série de estátuas que representam figuras mitológicas, como deuses e deusas, além de animais e outras alegorias. As esculturas são dispostas em vários níveis ao redor da fonte central, criando um efeito visual impressionante.

3.3 - As portas de Palermo

As portas de Palermo foram construídas principalmente durante a Idade Média e o Renascimento, e muitas delas ainda estão de pé, marcando as antigas muralhas da cidade. Citamos aqui cinco das principais portas de acesso: Porta Nuova, Porta Felice, Porta Sant'Agata, Porta dei Greci e Porta Carina. Algumas características são:

a) Porta Nuova

Fica ao lado do Palácio dos Normandos, na Corso Calatafimi, e marca o limite ocidental do antigo centro histórico de Palermo. Foi originalmente construída em 1460, mas a versão atual foi encomendada pelo vice-rei da Sicília, Marcantonio Colonna, em 1583, para celebrar a vitória de Carlos V sobre os turcos.

A Porta Nuova foi erguida para comemorar a entrada triunfal de Carlos V em Palermo após sua vitória na Tunísia em 1535. Ela combina elementos renascentistas e barrocos. Possui uma fachada monumental com quatro telamões (figuras masculinas gigantescas) que representam mouros derrotados.

Porta Nuova, foto Jesse Kraft | Dreamstime.com

O outro lado da porta nuova

Porta Nuova, foto HistoriacomGosto


b) Porta Felice

Localiza-se no final da Via Vittorio Emanuele, próxima ao mar, no bairro de La Kalsa. A construção foi ordenada por Marcantonio Colonna em 1582, mas foi concluída sob o vice-rei espanhol, o Marquês de Villafranca, em 1637.

A Porta Felice foi construída como parte de um projeto de embelezamento da cidade e para criar uma entrada monumental que ligasse o centro de Palermo ao porto.

A porta é composta por dois pilares monumentais, decorados com colunas coríntias e frisos. A parte superior é mais simples, mas mantém o estilo renascentista. Ao contrário de outras portas, a Porta Felice não tem um arco central, sendo composta por dois blocos separados, o que a torna arquitetonicamente única.

Porta Felice, foto © Aleksandar Todorovic | Dreamstime.com


As outras portas são mais simples;


4. - Referência


https://panormus.es/Palermo/Via-Vittorio-Emanuele/Catedral-de-Palermo.html

La Cappella Palatina, fatta costruire da Ruggero II di Sicilia, con porte normanne, archi arabi, cupola bizantina, e il tetto ornato con scritte arabe