1. - O Hino da Salve Rainha
A salve-rainha (em latim: Salve Regina) é um hino mariano e uma das quatro antífonas marianas cantada em diferentes períodos do calendário litúrgico da Igreja Católica.
Obs: Antífona é uma melodia curta, executada em canto gregoriano, antes e depois da recitação de um Salmo. A Antífona geralmente é composta de cânticos curtos, com texto entre dez e vinte e cinco palavras e de melodias simples.
A letra do Hino
Texto em latim / português: Salve, Regina, mater misericordiae Vita, dulcedo, et spes nostra, salve. Ad te clamamus, exsules, filii evae. Ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle. Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, Vida, doçura e esperança nossa, salve! A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia ergo, Advocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos converte. Et Iesum, benedictum fructum ventris tui, nobis post hoc exsilium ostende. O clemens, O pia, O dulcis Virgo Maria. Eia, pois, advogada nossa, Esses Vossos olhos misericordiosos A nós volvei, E, depois desse desterro, Mostrai-nos Jesus, bendito fruto do Vosso Ventre. Ó Clemente, Ó Piedosa, Ó Doce Sempre Virgem Maria. Ora pro nobis sancta Dei Genetrix. Ut digni efficiamur promissionibus Christi. Amen. Rogai por nós Santa Mãe de Deus, Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém. |
"Salve Regina" - Fundação do Canto Católico - youtube
2. - A Origem
A autoria da oração é atribuída ao monge Hermano Contracto, que a teria escrito por volta de 1050, no mosteiro de Reichenau, no Sacro Império Romano-Germânico. Naquela época, a Europa central passava por calamidades naturais, epidemias, miséria, fome e a ameaça contínua dos povos nómadas do Leste, que invadiam os povoados, saqueando-os e matando.
Segundo a crença, quando nasceu e constataram o raquitismo e má-formação do bebê, sua mãe, Miltreed, consagrou-o no leito à Maria, sendo ele educado na devoção a ela. Dizem ainda que, anos mais tarde, foi levado de liteira, por ser deficiente físico, até Reichenau, onde, com o tempo, chegou a ser mestre dos noviços.
Morte de Frei Contracto
Hermano de Reichenau / Frei Contracto, foi acadêmico, compositor, teórico musical, matemático e astrônomo no século XI. Ele era fluente em várias línguas, incluindo o árabe, grego e o latim. Também construiu instrumentos musicais e instrumentos astronômicos e ficou famoso por suas poesias.
Quando ficou cego no final da vida, começou a escrever hinos, sendo o "Salve Rainha" ("Salve Regina") o mais conhecido deles. Ele também compôs a oração mariana Alma Redemptoris Mater .
Hermano morreu em Reichenau em 24 de setembro de 1054. A Igreja Católica o reconheceu como beato em 1863.
3. - O Mosteiro de Reichenau
No início da Idade Média Reichenau era um mosteiro beneditino que foi fundado em 724 pelo itinerante São Pirmin. Diz-se que o santo teria fugido da Espanha à frente dos invasores mouros, patrocinado por Carlos Martel e, mais localmente, o conde Berthold do Ahalolfinger e o duque alemão Santfrid I (Nebi) .
Sob seu sucessor Haito o mosteiro começou a florescer. Ganhou influência na dinastia de Carlos Magno, sob o abade Waldo de Reichenau (740-814), que educou os funcionários que trabalhavam nas chancelarias imperiais e ducais.
A Abadia de Reichenau abrigou uma escola, um scriptorium e uma oficina de artistas, que alega ter sido o maior e artisticamente mais influente centro de produção de manuscritos ricamente iluminados na Europa durante o final do século X e início do século XI, muitas vezes conhecido como a Escola Reichenau.
A Abadia atingiu seu ápice sob o abade Berno de Reichenau (1008-1048). Durante seu tempo, importantes estudiosos, como o próprio Hermannus Contractus, e Hermann de Lame (1013 a 1054) viveram e trabalharam em Reichenau. A abadia ocupava uma posição improtante também no campo da ciência.
Hermann the Lame estava particularmente interessado em aritmética, geometria, astronomia e música e fez contribuições científicas significativas.
Na segunda metade do século XI, a importância cultural da Abadia começou a diminuir devido às reformas restritivas do Papa Gregório VII, e também à rivalidade com a abadia vizinha de St. Gallen ;
A abadia de Reichenau tinha também uma extensa biblioteca, que era uma das maiores da Europa no início da Idade Média, e o scriptorium do mosteiro produziu magníficos manuscritos que estão entre os mais importantes da arte do livro ocidental. O próprio plano do mosteiro de St. Gallen, a primeira representação de um complexo monástico medieval, foi também aqui criado.
4. - Divulgação e Finalização da Oração
Quando veio a ser conhecida pelos fiéis, a "Salve Rainha" (em latim: "Salve Regina") teve um sucesso enorme, e logo era rezada e cantada em muitos locais. Um século mais tarde, ela foi cantada também na Catedral de Espira, por ocasião de um encontro de personalidades importantes, entre elas, a do imperador Conrado III e São Bernardo de Claraval, conhecido como o "cantor da Virgem Maria", ele que foi um dos primeiros a chamá-la de "Nossa Senhora".
Dizem que foi nesse dia e lugar que, ao concluir o canto da "Salve Rainha", cujas últimas palavras eram "mostrai-nos Jesus, o bendito fruto do vosso ventre", no silêncio que se seguiu, São Bernardo de Claraval gritou sozinho no meio da catedral: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria"... E, a partir dessa data, estas palavras foram incorporadas à "Salve Rainha" original.
5. - Referências
Wikipedia - Origem da oração Salve Rainha / Antífona / Mosteiro de Reichenau