I. - Contexto Histórico
I.1 - O Mundo Árabe no século XIX e início do século XX
Entretanto, em 1839, esse processo de decomposição continuou com a independência do Egito, através da revolta de Mehmet Ali.
Posteriormente, o Império Otomano se tornou o "orgão doente da Europa", e se foi salvo de uma invasão imperialista europeia em larga escala, foi apenas porque a Inglaterra e a França estavam interessados em segurá-lo como um tampão para evitar que a Rússia, no norte, se apoderasse dos Balcãs e ganhasse acesso direto para o Mar Mediterrâneo. Em 1869, o processo de invasão ocidental foi acelerado com a abertura do Canal de Suez, que deu ao Egito inestimável valor estratégico na política mundial.
Nessa época, quando existia conflito, as batalhas eram desproporcionais entre tribos árabes que se movimentavam a cavalo e lutavam com sabres e a máquina de guerra turca, com o uso de metralhadoras e aviões.
O Governo Inglês enviou então um jovem capitão inglês, T. E. Lawrence, para trabalhar como contato com as forças árabes da região.
A grande contribuição de Lawrence foi convencer os lideres árabes a trabalharem juntos e em coordenação com a estratégia britânica. Lawrence desenvolveu uma forte relação com Faisal e influenciou bastante as táticas e os objetivos de guerra dos árabes e ingleses.
I.2 - T.E. Lawrence
Lawrence foi convocado para as Forças Armadas da Inglaterra no início da Primeira Guerra Mundial e em 1917 seria oficialmente destacado para a força expedicionária do Hejaz, sob o comando do General Wingate, sendo transferido em 1918 para o estado-maior do General Allenby.
Grande articulador, ele consegue reverter a ocupação do território árabe, impedindo a retaliação turca, através de ações de guerrilha, como explosões de trens e estradas de ferro e aniquilação de reservas materiais, que culminam com a tomada de Damasco em outubro de 1918. Nesse ano, Lawrence foi promovido ao posto de tenente-coronel.
O episódio de Deraa
Depois da Guerra
Em 1919 tornou-se conselheiro da delegação árabe na Conferência de Paz de Paris, onde viu as antigas promessas de reconhecimento da soberania da nação árabe serem desfeitas, com a divisão dos territórios árabes do antigo Império Otomano sob os mandatos da França (Síria e Líbano) e do Reino Unido (Palestina e Mesopotâmia). Foi também nesse ano que o seu pai morreu e que a mãe lhe confirmou que ele e seus irmãos eram filhos ilegítimos, facto chocante para a época e que muito perturbava o próprio Lawrence.
Entre 1921 e 1922 foi consultor de assuntos árabes da Divisão do Oriente Médio do Departamento Colonial, sob a direcção de Winston Churchill, tendo participado, em 1921, na "Conferência do Cairo".
Vida em Anonimato
No final de Agosto de 1922, embaraçado em parte com a notoriedade da lenda de "Lawrence da Arábia" (criada pelo jornalista estadunidense Lowell Thomas), mas, sobretudo, completamente desgostoso com o resultado da guerra no Oriente Próximo e com aquilo que considerou ser uma traição para com os Árabes (a recusa da França e do Reino Unido em lhes conceder plena independência), Lawrence rejeitou inúmeros convites de trabalho para ocupar cargos de destaque.
Em 1925, depois de passar por vários postos subalternos, conseguiu que o seu amigo e comandante da RAF Hugh Trenchard, aceitasse o seu regresso à RAF, onde permaneceu tranquilo e protegido, como responsável de arrecadação e depois técnico de lanchas de salvamento, até à sua passagem à reserva em 25 de Fevereiro de 1935, recusando sempre toda e qualquer promoção de posto acima de cabo.
Lawrence foi um soldado exemplar, íntegro, meticuloso na execução dos seus deveres e um excelente camarada, generoso e amável. A maioria dos outros militares sabia que aquele homem modesto e quase insignificante, reservado e com modos aristocráticos era o famoso Lawrence da Arábia, mas respeitavam-lhe a intimidade e não lhe faziam perguntas sobre o seu passado. Lawrence tinha muitos amigos poderosos entre a elite militar, política e cultural britânica (Winston Churchill, Hugh Trenchard, Lady Astor, George Bernard Shaw, Thomas Hardy, E.M. Forster, Liddell Hart, Robert Graves, Noel Coward etc.), e isso desagradava a alguns dos seus chefes, que temiam que ele pudesse expor-lhes as fragilidades.
Morte
Faleceu em 19 de Maio de 1935.
II. - O Filme "Lawrence da Arábia"
II.1 - Sinopse
O argumento do filme baseia-se na biografia de T.E. Lawrence (1888–1935) descrita no seu livro Sete Pilares da Sabedoria. O filme explora a excentricidade e a personalidade enigmática de Lawrence.
Em 1916, em plena I Guerra Mundial, o jovem tenente do exército britânico servindo no Cairo pede transferência para a península arábica, onde vem a ser oficial de ligação entre os rebeldes árabes e o exército britânico, aliados contra os turcos, que desejavam anexar ao seu Império Otomano a Península Arábica. Lawrence, admirador confesso do deserto e do estilo de vida beduíno, oferece-se para ajudar os árabes a se libertarem dos turcos. O filme mostra quatro episódios principais da vida de Lawrence durante a sua estada na Arábia: a conquista de Aqaba; o seu rapto e tortura pelos turcos em Deraa; o massacre de Tafas; e o fim do sonho árabe de Damasco.
II.2 - Elenco
- Peter O'Toole .... T.E. Lawrence ou Lawrence da Arábia
- Omar Sharif .... Sherif Ali ibn el Kharish
- Alec Guinness .... Príncipe Faiçal
- Anthony Quinn .... Auda abu Tayi
- Claude Rains .... Dryden
- Jack Hawkins .... General Allenby
II.3 - Prêmios
Foi indicado para 10 categorias do Oscar em 1963, tendo ganhado 07. É considerado o épico dos épicos e um dos dez melhores filmes de todos os tempos. Venceu o Bafta nas categorias de melhor ator britânico (Peter O'Toole), melhor filme britânico, melhor roteiro britânico e melhor filme de qualquer Origem.
II.4 - David Lean
David Lean foi o grande diretor de filmes épicos do século XX. Ele dirigiu além de "Lawrence da Arábia", os grandes filmes "Doutor Jivago", "A Missão", "Passagem para a Índia", "A ponte do rio Kwai".
II.5. - Curiosidades a respeito do filme "Lawrence da Arábia"
a) O ator principal
b) Um filme masculino
c) Vestígios da história real
d) Locações
e) Formato de Filmagem
f) A maioria dos personagens são reais mas alguns são adaptações
Quando o filme começou o final ainda não tinha sido terminado o que não é comum em filmes desse porte. O roteirista Robert Bolt foi preso em uma manifestação anti-nuclear e teve que ser persuadido a assinar um compromisso de bom comportamento para poder ser solto e continuar o filme.
h) O bigode de Omar Shariff
Quando Omar Shariff fez o teste para o papel de Sherif Ali, David Lean queria que ele usasse barba para constratar o tom de sua pele e a barba com a brancura de Lawrence. O resultado não foi bom e a opção foi por Omar Shariff usar o bigode que até então ele não usava. O resultado foi tão bom que Omar Shariff incorporou o bigode para o resto de sua carreira.i) Movimentação dos camelos
As cenas do deserto foram filmadas na Jordânia e na Espanha. Quando as filmagens mudaram da Jordânia para a Espanha os camelos foram transportados de navio com as pernas esticadas debaixo deles para não enjoarem. Quando eles chegaram na Espanha, eles necessitaram de um dia de recuperação antes de se dirigirem para os locais de filmagem.j) Contribuição do Rei Hussein
O Rei Hussein da Jordania emprestou uma brigada inteira de sua Legião Arabe como extra para os filmes, logo a maioria dos soldados são soldados reais. Hussein visitava frequentmente os sets de filmagem e lá se apaixonou por uma jovem secretaria britânica, Antoinette Gardiner, que tornou-se sua segunda esposa em 1962. Seunfilho mais velho, Abdullah II King Of Jordan, subiu ao trono em 1999.
k) Proibição nos países árabes
O filme foi banido em muitos países árabes, pois eles sentiram que estavam mal representados. Omar Shariff organizou uma apresentação do filme com o Presidente do Egito Gamal Abdel Nasser para mostrar que não havia nada errado com a forma que haviam sido retratados. Nasser adorou o filme e permitiu que ele fosse exibido no Egito onde tornou-se um sucesso estrondoso.II.6 - Cenas Maravilhosas
a) - Cena de Encontro entre Lawrence e Sherif Ali
A inventividade do Diretor David Lean e seus auxiliares, renderam cenas antológicas, como aquela em que Omar Sharif (Sherif Ali) surge no horizonte como se fosse uma miragem. Para guiar o olho do espectador até aquele pontinho na tela, pintou-se uma faixa branca na areia, com centenas de metros de extensão, na sua direção. O efeito é imperceptível, mas decisivo.
b) Cena - Wadi Rum
A maior elevação em Wadi Rum é o monte Dami Um com mais de 1800 m (5900 pés) acima do nível do mar.
c) - Cena Ataque a Aqaba
d) Cena - A sombra do Profeta
À medida que via conseguindo obter as vitórias nas batalhas contra o exército otomano, Lawrence vai sendo cada vez mais reconhecido como um grande líder pelos árabes, e isso tudo parece que também vai cada vez mais aumentando a sua auto-confiança e misticismo próprio. Lawrence parece acreditar que ele é capaz de libertar o povo árabe e dar-lhes um país. Isso também o vai envaidecendo cada vez mais.
e) Retorno ao Cairo
Pouco tempo depois, em Jerusalém, o general Allenby o exorta a apoiar o "grande impulso" em Damasco. Lawrence hesita em retornar, mas finalmente concorda.
e) Cena - "No Prisoners"
Lawrence recruta um exército que é mais motivado pelo dinheiro que a causa árabe. No caminho para Damascos eles encontram uma coluna de soldados turcos que acabaram de massacrar os moradores de Tafas. Um dos homens de Lawrence é de Tafas; ele exige: "Sem prisioneiros!" Quando Lawrence hesita, o homem ataca os turcos sozinhos e é morto.
g) Cena "Conferência de Damasco"
IV - Referências
Crônica de Veja 25/04/2001, Isabela Boscov: https://veja.abril.com.br/blog/isabela-boscov/david-lean-lawrence-da-arabia-e-alem/
Contexto Histórico - Iqara Islam: https://iqaraislam.com/a-revolta-arabe-da-primeira-guerra-mundial
personagens adaptados:
https://www.telstudies.org/discussion/film_tv_radio/lofa_or_sid_1.shtml
Curiosidades: www.adorocinema.com.br / www.virgula.com.br