I - A Chapada dos Guimarães
Localizada no estado do Mato Grosso, distante apenas 65 km da capital Cuiabá, a Chapada dos Guimarães chama a atenção pelo seu relevo caracterizado por planaltos de constituição arenítica.
Visão geral a partir do mirante da Chapada dos Guimarães |
A região da Chapada faz parte do planalto central brasileiro, e tem a altitude de 800 m acima do nível do mar. O seu clima apesar de característica tropical é significativamente mais ameno do que a quente capital do Mato Grosso, Cuiabá. No inverno a temperatura pode se aproximar de zero graus centígrados, e eventualmente podem acontecer geadas.
De acordo com estudos geológicos, referência Prof. Dra.
Raquel Quadros- Profa. GEOLOGIA – FUFMT, a Bacia do Paraná, que abrange o
Mato Grosso, se instalou durante o período Siluriano (cerca de 430 milhões de
anos atrás). A chamada segunda invasão marinha ocorreu durante o período Devoniano
(416 a 385 milhões de anos atrás). No final desse período o mar se retira. Durante
o período Mesozóico (250 a 65 milhões de
anos) a região passou por uma acentuado processo de desertificação.
Características do relevo Brasileiro
Planalto: Blocos de relevo onde o processo erosivo supera a deposição de sedimentos.
Planície: Áreas de relevo de altitude baixa inferior aos terrenos vizinhos e portanto onde a deposição de sedimentos supera a erosão
Depressão: Compartimento de relevo mais plano que o planalto onde predominam processos erosivos. Alguns autores consideram como depressão também as áreas com pequeno declive que fazem a transição entre planalto e planicie.
|
|
Anteriormente na área da Chapada, e agora com informações mais precisas, na cidade de Cuiabá temos o centro geodésico da América do Sul. Enquanto que em Cuiabá fica o centro matematicamente determinado, é da Chapada que se pode vislumbrar a vastidão de área ao redor e ter realmente a sensação de centro do continente.
O centro geodésico é o lugar em que temos o ponto equidistante entre o Atlantico e o Pacífico.
Esse ponto é imortalizado no imaginário popular, na canção de Caetano Veloso, "O Indio", que podemos ouvir no final do blog.
Mirante do Centro Geodésico - Chapada dos Guimaráes |
Pela Teoria Tectônica das placas, no período Jurássico há 180 milhões de anos, tínhamos apenas um continente único que era o Pangeia com o oceano de Pantalassa. No final do período Jurássico já tínhamos a divisão dos continentes em Laurásia e Godwana.
O Tectonismo orogenético se caracteriza pela colisão horizontal das placas.
O tempo geológico do Planeta se divide em Eons, Eras, e Períodos, os quais mostramos resumidamente abaixo:
Tabela tempo geólogico
(Eon)
|
Era
|
Período
|
Características
|
Hadeano (<3,85 bi anos)
|
|||
Arqueano(3,85 e 2,5 bi)
|
Eoarqueana
Paleoarqueana
Mesoarqueana
neoarqueana
|
||
Proterozóico
(2,5bi e 542mi)
Vida primitiva
|
Paleoproterozóico
Mesoproterozioco
Neoproterozoico
|
||
Fanerozóico
(<542 milhões de anos)
|
Paleocenozóica
(Vida Antiga)
|
Cambriano (542 a 501)
|
moluscos e trilobitas. Godwana emerge
|
Ordoviciano (488 a 460)
|
Primeiros peixes
|
||
Siluriano (443 a 418)
|
Primeiras plantas
|
||
Devoniano (416 a 385)
|
peixes modernos
|
||
Carbonifero/Mississipiano
(359 a 326)
|
samambaias com sementes e anfíbios
|
||
Carbonifero/Pensilvaniano
(318 a 306)
|
Insetos, repteis e florestas de carvão
|
||
Permiano (299 a 260)
|
Repteis gigantes e extinção
dos trilobitas
|
||
Mesozóica
Vida intermediária
|
Triassico (251 a 228)
|
Dinossauros e pterossauros
|
|
Jurássico (199 a 161)
|
Mamíferos e aves
Divisão de Pangeia em Godwana e Laurasia
|
||
Cretáceo (145 a 65)
|
Plantas com flores
Mamíferos placentários
Extinção dinossauros
|
||
Cenozóica
Vida recente
|
Paleogeno (65 a 34)
|
Clima tropical
Grandes mamiferos
|
|
Neogeno (23 a 0,0001)
|
homo habilis
Inicio da era do gelo
Fim da era do gelo e expansão
humana
|
Fonte: Wikipedia - Tempo geológico
II - A Caverna de Aroe-Jare e a Gruta Azul
A visita para a caverna Aroe-Jari se inicia na fazenda Água Fria, uma propriedade particular, e distante cerca de 46 km da sede da Chapada dos Guimarães. Somente é permitido a visitação acompanhada de um guia de turismo. A visita completa incluindo a Gruta da lagoa Azul, é feita por uma trilha de baixa dificuldade com extensão de 09 Km (ida e volta). O caminho é feito principalmente em área de cerrado baixo com alguns trechos de matas e nascentes. Nessa trilha é imprescindível o porte de água para beber e o uso de perneiras para proteção contra picadas.
Ponte de Pedra |
II.1 - Caverna Aroe-Jari
A caverna de Aroe-Jari, tem cerca de 1550 metros com pequena parte preenchida por água. Não se encontrou vestígios de habitações, mas é presumido que os indígenas das tribos Bororó e Caiapó a utilizavam para fazer rituais de passagem. O nome Aroe-Jari significa Gruta das Almas.
|
|
||||
II.2 - Lagoa Azul
Cerca de trinta minutos de caminhada a frente da caverna aroe-jari, encontramos a lagoa azul. Ela é formada pelas águas que afloram das nascentes da caverna aroe-jari e formam essa pequena piscina natural. A cor se dá devido ao processo de sedimentação que ocorre no leito da lagoa.
|
|
III - Rio Claro
O Vale do Rio Claro é uma das regiões com o visual mais pré- histórico que poderemos conhecer na Chapada dos Guimarães. Paredões gigantes de arenito, cerrado preservado, veredas e trilhas com muita areia, mostrando as marcas de milhares e milhares de anos, numa beleza cênica inesquecível. Lá nasce o Rio Claro, que já vem com um bom volume de água, formando um rio cristalino. (fonte: www.chapadaoffroad.com)
Morro da Crista do Galo |
IV - Cachoeira Véu de Noiva
Um dos cartões postais da Chapada dos Guimarães, a cachoeira Véu de Noiva fica dentro do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em um dos poucos lugares preparados para a visitação. Há um caminho de cerca de 500 metros, desde a entrada, onde aos poucos a visão do vale vai se descortinando. A cachoeira, com seus mais de 80 metros, somente pode ser vista de cima em um mirante estrategicamente posicionado. Antigamente, era possível andar livremente pelo parque e ir até a base da cachoeira, mas, um acidente ocorrido em 2008 fez com que a direção do parque proibisse essa circulação.
A entrada do parque fica a cerca de 10 km do centro da chapada, na rodovia que liga a Cuiabá, e a visita pode ser feita sem guia.
Cachoeira Véu de Noiva - Chapada dos Guimarães |
|
|
V - A História da Chapada
V.1 - História da Chapada - Trecho do site https://www.chapadamt.com.br/igreja-de-santana-em-chapada-dos-guimaraes/
"Em 1727 já existia em Chapada o primeiro engenho da região de Cuiabá, como informa o capitão João Antonio Cabral Camelo. Era lugar de descanso dos moradores de Cuiabá. O lugar era conhecido com os nomes de Serra Acima, Chapada Cuiabana, Santana de Chapada. Foram os bandeirantes e garimpeiros os primeiros a chegar aqui a procura de ouro e de diamantes. Foi nesse pequeno arraial que em 1749, vindo de São Paulo por Minas Gerais e Goiás, o grande missionário itinerante e padre franciscano frei Antonio do Extremo pregou uma missão de três dias, dirigindo-se em seguida a Cuiabá.
Em 1751 o padre jesuíta, Pe. Estevão foi enviado de Cuiabá para promover a catequese dos índios da região. Ele fundou na Chapada dos Guimarães, sob a tutela de Santa Ana, uma aldeia “unindo os índios mansos, e já dispersos pelos moradores”. O local desta aldeia, denominada “Aldeia Velha” distava da atual cerca de meia légua. Lá erigiram uma capela coberta de palha na qual armaram um altar em que colocaram as imagens de Santa Ana com a Virgem no meio e nos lados, Santo Inácio de Loiola e São Francisco Xavier. Mas a missão teve uma existência de pouca duração. Essa foi a primeira Missão Jesuíta no Mato Grosso.
Em 1759, obedecendo ao decreto do Marques de Pombal, expulsando os Jesuítas de todo o território português, o governador Rolim de Moura determina a saída dos jesuítas da região.
Em 1778, o juiz do fórum de Cuiabá, Dr. José Carlos Pereira, por dever de oficio, teve que ir à Chapada dos Guimarães. Lá viu a “palhoça, na verdade indecentíssima” que era a Igreja Matriz. Então, movido de fervoroso desejo, concebeu o plano de construir uma grande igreja. No ano seguinte, voltou à Chapada, e no mês de maio, começou a obra com tanta atividade, fervor e excesso, que no mês de julho ficou concluída uma famosa igreja, coberta de telha, rebocada e caiada, com capela-mor, sacristia e casa para os párocos. Na realização destas obras concorreu em grande parte com sua inteligência e administração o franciscano Frei José da Conceição que na época se encontrava em Mato Grosso como esmoler da Terra Santa. A nova igreja foi benta com toda solenidade no dia 31 de julho de 1779 pelo vigário da vara, Pe. José Correia Leitão. À tarde do mesmo dia, em solene procissão, foram transladas da antiga capela dos jesuítas as imagens de Santa Ana, Santo Inácio de Loiola e São Francisco Xavier que foram os únicos objetos que se salvaram da antiga missão jesuítica. No dia seguinte foi celebrada a festa de Santa Ana e a cerimônia da dedicação da Igreja à padroeira."
Em 1778, o juiz do fórum de Cuiabá, Dr. José Carlos Pereira, por dever de oficio, teve que ir à Chapada dos Guimarães. Lá viu a “palhoça, na verdade indecentíssima” que era a Igreja Matriz. Então, movido de fervoroso desejo, concebeu o plano de construir uma grande igreja. No ano seguinte, voltou à Chapada, e no mês de maio, começou a obra com tanta atividade, fervor e excesso, que no mês de julho ficou concluída uma famosa igreja, coberta de telha, rebocada e caiada, com capela-mor, sacristia e casa para os párocos. Na realização destas obras concorreu em grande parte com sua inteligência e administração o franciscano Frei José da Conceição que na época se encontrava em Mato Grosso como esmoler da Terra Santa. A nova igreja foi benta com toda solenidade no dia 31 de julho de 1779 pelo vigário da vara, Pe. José Correia Leitão. À tarde do mesmo dia, em solene procissão, foram transladas da antiga capela dos jesuítas as imagens de Santa Ana, Santo Inácio de Loiola e São Francisco Xavier que foram os únicos objetos que se salvaram da antiga missão jesuítica. No dia seguinte foi celebrada a festa de Santa Ana e a cerimônia da dedicação da Igreja à padroeira."
Igreja Jesuíta na centro da Chapada dos Guimarães |
V.2 - A Chapada Atual
No censo de 2010 o município da Chapada dos Guimarães contava com cerca de 18.000 habitantes, somando-se o pessoal da vila e da área rural.
Na década de 1960, a área do município era de 269.000 km2 e ele chegou a ser considerado o maior município do mundo em extensão territorial.
Atualmente, com o desmembramento em vários outros municípios como Alta Floresta, Sinop, Parantinga, Colíder e outros, sua área reduziu para apenas 6.200 km2.
|
|
Com a sua vocação de atração turística aliada a grandes plantações de soja e algodão, a Chapada conta com várias pousadas e restaurantes que atendem bem quem as procuram para um passeio ou descanso.
VI - Informações Úteis
VI.1 - Como chegar
Para se visitar a Chapada dos Guimarães, devemos tomar um avião até Cuiabá e então pegar um ônibus que sai de hora em hora para a Chapada, ou ajustar com as agencias de turismo um receptivo que faça a transferência. O ônibus é muito simples e barato. Custa cerca de R$ 12,00. Entretanto é um ônibus com características de ônibus circular.
VI.2 - Hotéis / Pousadas
A pousada Villa Guimaraes tem um conforto razoável e é bem localizada. Fica na área urbana, perto de restaurantes, lojas de artesanato, turismo, ...,. Para maiores detalhes e outras opções, recomendo consultar o trip advisor em:
https://www.tripadvisor.com.br/Tourism-g1600093-Chapada_dos_Guimaraes_State_of_Mato_Grosso-Vacations.htmlVI.3 - Restaurantes
a. - Morro dos ventos - estrada do mirante, km 1.
O restaurante Morro dos ventos, tem um mirante com vistas espetaculares e serve uma comida local de excelente qualidade. Comi uma mojica de pintado, que veio acompanhada de ventrecha de pacú e farofa de banana que estava uma delícia. Veja mais detalhes no tripadvisor.
b. - Margherita
À noite na vila, uma sugestão é comer uma pizza no Margherita, que fica na rua em frente a praça. De entrada peça uma focacia de tomate com manjericão.
VI.4 - Receita de Pratos Típicos - Mojica de Pintado
Ventrecha de Pacú frito(esq), Mojica de Pintado(centro), pirão - Prato do restaurante Moinho dos Ventos - Chapada |
Receita de Mojica de pintado - www.tudogostoso.uol.com.br
MODO DE PREPARO
- Tempere o pintado cortado em cubinhos com limão, alho amassado e sal
- Em seguida deixe descansar por 15 minutos para pegar gosto
- Em uma panela coloque o azeite e o alho picado e deixe fritar um pouco
- Em seguida faça o mesmo com os cubos de pintado
- Acrescente a mandioca pré-cozida com sal e cortada em pedaços e água suficiente para cobrir tudo
- Coloque a salsinha e a cebolinha, dê uma mexida e deixe cozinhar por aproximadamente 20 minutos, ou até a mandioca se desmanchar
VI. 5 Passeios
Existem praticamente três roteiros para quem deseja conhecer bem a Chapada.
Roteiro II - Rio Claro, Cachoeira Véu de Noiva
Roteiro III - Parque Nacional e Cachoeiras
Praticamento todos os roteiros tomam cerca de um dia inteiro, alternando caminhadas com fotografias e em dias quentes, banhos de cachoeiras.
VI.6 Empresas de Turismo
De todas que consultei a que melhor me atendeu e recomendo é a Chapada Off Road. O seu site é
https://www.chapadaoffroad.com/
VI. 7 Eventos
A Chapada é mais procurada nos períodos de férias escolares. No mês julho acontece o festival de inverno e em setembro o festival de Jazz. Nesses períodos procure reservar com antecedência sua pousada.VII - Referências e Links
https://www.chapadamt.com.br/igreja-de-santana-em-chapada-dos-guimaraes/