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terça-feira, 10 de junho de 2025

Casa Blanca, a atual capital econômica do Marrocos!

1.0 - Casablanca a capital econômica do Marrocos 

Casablanca é hoje a principal cidade econômica do Marrocos e uma das mais importantes da África. Com uma história marcada por diferentes povos e influências, ela evoluiu de um pequeno povoado a um grande centro urbano e comercial. Neste artigo, vamos conhecer um pouco da história de Marrocos, a conquista árabe, os períodos que marcaram Casablanca — incluindo sua ocupação portuguesa — e, por fim, o que a cidade oferece atualmente a moradores e visitantes.

Dsitrito Financeiro de Casablanca, foto de AyourAchtouk em Wikipedia por wikimedia commons


Do ponto de vista histórico Casablanca não seria a primeira apresentação do Marrocos, e sim Fez e Marrackesh, mas como geralmente é o ponto de chegada, resolvemos começar por ela essa série de publicações e terminar em Tanger, depois do circuito característico Marrackesh, deserto e Fez.

1.1 - História do Marrocos

A história do Marrocos é muito diversificada. Ela reflete uma confluência de culturas, dinastias e influências externas ao longo dos séculos. 

          Camelos no Kasbah Ellouze aos pés dos Atlas em Ait Ben Haddou, foto de © Valentin M Armianu

a - Antiguidade

Povos Amazigh / Berberes: Os habitantes originais do Marrocos são os amazighs, que estabeleceram várias comunidades e reinos na região. O termo bérbere(bárbaro = estrangeiro) é muito usado pelos ocidentais/ colonizadores para designar os povos imazighen (plural). Estes se referem a eles mesmos como sendo amazigh (singular).




Fenícios e Cartagineses: Os fenícios estabeleceram postos comerciais ao longo da costa marroquina, seguidos pelos cartagineses que já eram os descendentes dos fenícios na colônia de Cartago por eles fundada.

Domínio Romano: Após a queda de Cartago, o Marrocos tornou-se parte da província romana da Mauritânia Tingitana. A cidade de Volubilis é um exemplo de assentamento romano na região.


b - Período Islâmico

Chegada do Islã: No século VII, o Islã chegou ao Marrocos através das conquistas árabes, levando à islamização dos berberes.

Dinastia Idríssida: Fundada por Idris I no século VIII, foi a primeira dinastia islâmica a governar o Marrocos, estabelecendo Fès como um centro cultural e religioso. Um descendente do profeta Maomé se casa com uma bérbere da região.

O controle político, com o tempo, passou para dinastias locais bérberes, que se islamizaram e adotaram muitos aspectos da cultura árabe, mas mantiveram liderança e identidade indígena.



Dinastias Berberes

Almorávidas e Almóadas: Nos séculos XI e XII, essas dinastias berberes expandiram seu controle sobre o norte da África e partes da Península Ibérica, promovendo o Islã sunita e florescimento cultural.

Dinastia Merínida: No século XIII, os merínidas tomaram o poder, desenvolvendo cidades como Fès e Marrakesh e promovendo a educação e a arquitetura.


c. Período Moderno

Dinastia Saadiana: No século XVI, os saadianos expulsaram os portugueses de várias cidades costeiras e governaram até o início do século XVII.

Dinastia Alauíta: Estabelecida no século XVII, é a dinastia que ainda reina no Marrocos. Sob seu governo, o país manteve sua independência em face da pressão europeia até o século XIX.


d) Era Colonial e Independência

Protetorado Francês e Espanhol: Em 1912, o Marrocos tornou-se um protetorado francês, com zonas sob controle espanhol. Essa era colonial trouxe modernização, mas também resistência local.

Independência: Em 1956, o Marrocos recuperou sua independência, unificando as áreas sob controle francês e espanhol.


e) Era Contemporânea

Reinado de Hassan II: Governou de 1961 a 1999, enfrentando desafios políticos e econômicos, mas também promovendo a modernização.

Reinado de Mohammed VI: Desde 1999, o atual rei tem promovido reformas políticas e econômicas, além de esforços para melhorar os direitos humanos e a infraestrutura.


2. - Historia Resumida de Casablanca

Casablanca, localizada na costa atlântica do Marrocos, segue a quase a mesma sequência habitações, dominações, lutas, ...,. 

  • Origens Antigas:
    • A área onde hoje é Casablanca foi originalmente habitada por berberes. No século VII, a região era conhecida como Anfa, um pequeno porto berbere.
  • Período Medieval:
    • Anfa prosperou como um centro de comércio, mas foi destruída pelos portugueses em 1468 devido à sua ligação com a pirataria. Os portugueses reconstruíram a cidade no século XVI e a chamaram de "Casabranca".
  • Domínio Português e Decadência:
    • A cidade permaneceu sob controle português até ser abandonada após um terremoto em 1755. Posteriormente, foi reconstruída pelo sultão alauita Mohammed ben Abdallah, que a renomeou Dar el-Beida, que significa "Casa Branca" em árabe.
  • Era Colonial Francesa:
    • No início do século XX, Casablanca tornou-se um protetorado francês em 1912. Sob o domínio francês, a cidade experimentou um rápido crescimento econômico e urbanístico, tornando-se um importante porto e centro comercial.
  • Independência e Crescimento Moderno:
    • Após a independência do Marrocos em 1956, Casablanca continuou a se expandir, emergindo como a capital econômica do país. A cidade tornou-se um centro de negócios e indústria, além de ser um importante ponto de conexão entre a Europa e a África.
  • Casablanca Hoje:
    • Atualmente, Casablanca é a maior cidade do Marrocos e um dos principais centros financeiros da África. A cidade é conhecida por sua mistura de arquitetura moderna e tradicional, além de sua vibrante vida cultural.


3. - Pontos de Interesse em Casablanca 


  1. Mesquita Hassan II:  Uma das maiores mesquitas do mundo, localizada à beira-mar, famosa por sua arquitetura impressionante e minarete de 210 metros de altura.
  2. Igreja Nossa Senhora de Lourdes:  A principal atração da igreja de Notre-Dame de Lourdes é o trabalho em vidro do mundialmente famoso artista de vitrais Gabriel Loire . [ 3 ] Sua longa entrada de concreto também é notável.
  3. Mahkma du Pasha:  é um edifício administrativo construído entre 1941 e 1942 no bairro de Hubous; . O complexo serve ou serviu como tribunal, residência do paxá ( governador ), salão de recepção parlamentar e prisão. Verificar se está aberto no sábado.
  4. Praça Mohammed V:: O coração administrativo da cidade, cercada por edifícios de estilo Art Déco e fontes.
  5. United Nation Square – Old clock tower, Museu da Fundação e Museu Artesanal,
  6. Royal Palace Casablanca - Como um lugar principal para festas, o espaçoso salão de recepção do palácio é onde você se encontrará mais tarde. O que o torna ainda mais atraente é a coleção de lustres soberbos pendurados no teto, e você também pode encontrar algumas belas inscrições e decorações.
  7. Corniche de Ain Diab: Uma avenida à beira-mar popular para passeios, com muitos restaurantes, cafés e clubes de praia.
  8. Old Medina:  A parte antiga da cidade, onde você pode explorar mercados tradicionais .
  9. Habous Quarter (Nouvelle Medina): Um bairro construído no início do século 20, combinando arquitetura tradicional marroquina com influências francesas.
  10. Catedral do Sagrado Coração: Uma antiga catedral católica que agora serve como espaço cultural, conhecida por sua arquitetura neogótica.
  11. Abderrahman Slaoui Museum / Foundation Museum  - O Museu Slaoui abriga uma importante coleção de joias de ouro marroquinas dos séculos XVIII e XIX. Essas peças raras sobreviveram graças ao interesse precoce de Abderrahman Slaoui pelo ofício, bem como ao fato de seu sogro ser um famoso joalheiro de Fez, que o ajudaria a comprar, estudar e documentar toda a coleção de joias. A peça mais famosa seria a Khamsa ou mão de Fátima , um símbolo judaico e árabe de proteção contra o mau-olhado .
  12. Anfa Place:  moderno complexo de compras e entretenimento à beira-mar, oferecendo lojas de luxo, restaurantes e um ambiente vibrante.
  13. Museu Judaico de Casablanca: O único museu judaico no mundo árabe, que oferece uma visão sobre a história e cultura judaica no Marrocos. 


quarta-feira, 4 de junho de 2025

Túnis, Os resquíscios de Cartago e a realidade atual

 1. Túnis e Cartago

A história dessa região hoje conhecida como Magreb, no norte da África, é muito interessante devido a sua proximidade com outras áreas deserticas na África mas também de frente para o continente europeu com  distâncias relativamente pequenas a serem percorridas pelo mar.  

Foi essa proximidade que levou os gregos a colonizarem áreas na Itália, Croácia, ...,. Levou os romanos a conquistarem a Sicília e entrarem na África e Ásia. Levou os fenícios a fundarem cidades costeiras e dominarem o mediterrãneo, motivou os árabes a conquistarem áreas no Egito, Líbia, Argelia, Marrocos e posteriormente fundarem Califados e reinos na Espanha e assim por diante. 

Vista da baía de Túnis (antiga baía de Cartago), a partir da colina de Byrsa, área de Cartago, Túnnis 

Nessa primeira abordagem focaremos na cidade de Cartago, que tornou-se uma potência tão grande a ponto de desafiar o Imperio Romano. Vamos então tentar entender o que aconteceu em todo esse período.

 
a) Período Cartaginês

A atual cidade de Túnis engloba a região da antiga Cartago que foi fundada pelos fenícios no século IX a.C. e tornou-se uma poderosa cidade comercial. 

Os fenícios vieram da região do Líbano e criaram esse importante entreposto comercial devido a sua localização favorável. 

No seu auge, Cartago controlava grande parte do Mediterrâneo ocidental, influenciado pelo comércio e pela cultura fenícia.

Mapa mostrando a localização de Cartago, frente à área da Sicília, fonte google maps


Cartago possuía um engenhoso porto circular para suas naves de guerra que permitia protegê-las de ataques surpresa de seus inimigos.

Idealização do Porto Circular de Cartago onde ficavam as grandes naves militares

Com o passar do tempo, a importância de Cartago foi crescendo no domínio do comércio na região do Mediterrãneo e fatalmente bateu de frente com o Império Romano que se expandia na região e viria depois a também disputar com a Grécia o controle de áreas da Sicília. 


Roma x Cartago: A Saga das Guerras Púnicas

As Guerras Púnicas foram o palco de um dos maiores confrontos da Antiguidade, colocando frente a frente Roma e Cartago em uma disputa épica pela supremacia no Mediterrâneo. Ao longo de quase um século, três grandes guerras remodelaram o destino dessas civilizações e de todo o mundo antigo.

Primeira Guerra Púnica (264–241 a.C.): O Nascimento de uma Potência Naval Romana

O estopim do primeiro conflito foi a disputa pela cidade de Messina, situada no estratégico estreito que liga a península Itálica à Sicília. Cartago até então dominava a região, mas a intervenção de Roma desencadeou uma guerra prolongada pelo controle da ilha siciliana.

Sem tradição naval, Roma precisou criar uma frota do zero para fazer frente ao poder cartaginês nos mares. Após décadas de batalhas e naufrágios, Roma saiu vencedora: conquistou a Sicília e firmou-se como nova força do Mediterrâneo ocidental. Para Cartago, restaram pesadas perdas econômicas e morais.

Segunda Guerra Púnica (218–201 a.C.): Aníbal e a Travessia dos Alpes

Rebaixada após a derrota, Cartago voltou seus olhos para a expansão na Península Ibérica. O grande protagonista desse novo capítulo foi Aníbal Barca, que, criado em meio às campanhas espanholas, se tornou general aos 26 anos. O conflito reacendeu quando Cartago atacou Sagunto, cidade aliada de Roma.

O episódio mais lendário dessa guerra é, sem dúvidas, a ousada travessia dos Alpes pelo exército de Aníbal — incluindo seus famosos elefantes de guerra — para atacar Roma pelo norte, feito considerado até hoje uma das maiores proezas militares da História.

Apesar das grandes vitórias em solo italiano, Cartago acabaria sofrendo reveses: Roma respondeu atacando territórios cartagineses na Espanha, na Sicília e finalmente levou a guerra até o coração da África. Pressionado, Aníbal teve que retornar para defender sua cidade natal, sendo derrotado decisivamente na Batalha de Zama. Novamente, Cartago teve que aceitar duras condições de paz impostas por Roma.


Travessia dos Alpes pelo exercito de Anibal.

Terceira Guerra Púnica (149–146 a.C.): Delenda Carthago

Apesar do enfraquecimento cartaginês, Roma não se deu por satisfeita. No Senado, a frase “Delenda Carthago” (“Cartago deve ser destruída”) ecoava como um mantra. Temendo qualquer possibilidade de recuperação do antigo rival, Roma encontrou um pretexto para iniciar o ataque final.

O cerco durou três anos. Quando as muralhas de Cartago finalmente caíram, os romanos promoveram uma destruição minuciosa e sistemática da cidade: rua por rua, casa por casa. Os sobreviventes foram escravizados ou vendidos, e Cartago deixou de existir como potência. Em seu lugar, Roma estabeleceu uma nova província, selando de vez sua supremacia sobre o Mediterrâneo.


Cerco e destruição de Cartago


b) Período Romano

Reconstrução: Cartago foi reconstruída como uma próspera cidade romana, tornando-se um dos principais centros do império. Os agricultores cartagineses produziam cereais, azeite e vinho, essenciais para Roma. Cartago se tornou uma importante fonte de abastecimento para o imperio.

Os romanos promoveram a colonização do território, trazendo camponeses e trabalhadores romanos e italianos que se integraram com o povo bérbere para desenvolver a região. Eles introduziram práticas agrícolas romanas e desenvolveram a produção de azeite e grãos, atividades já existentes, mas que ganharam escala com a organização romana.

c) Transição após a queda de Roma 

Com a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C., a antiga região de Cartago mergulhou em um período de instabilidade e transformação. No século V, Cartago foi conquistada pelos Vândalos, um povo germânico que, liderado por Genserico, fundou ali o Reino Vândalo e fez da cidade sua capital. Durante aproximadamente cem anos, os vândalos dominaram a região, controlando rotas comerciais estratégicas do Mediterrâneo e tornando-se uma força relevante no cenário pós-romano do norte da África.

No entanto, essa hegemonia chegaria ao fim em 533 d.C., quando o general Belisário, servindo ao imperador bizantino Justiniano I, lançou uma poderosa ofensiva para retomar antigas províncias do extinto Império Romano do Ocidente. Cartago então foi incorporada ao Império Bizantino e permaneceu sob seu domínio por mais de um século, até ser conquistada pelos árabes no final do século VII. Assim, o território passou por diferentes mãos antes de entrar em uma nova era sob influência islâmica.


d) Conquista Islâmica (século VII)A conquista de Cartago pelos árabes aconteceu em 698 d.C., marcando um episódio decisivo na expansão muçulmana pelo norte da África. Na época, Cartago ainda figurava como um dos principais centros do Império Bizantino na região, sendo alvo estratégico do Califado Omíada.

Sob o comando de Hasan ibn al-Nu'man, os exércitos árabes organizaram uma ofensiva sistemática contra a presença bizantina. Após diversas batalhas e uma intensa campanha de cerco, as forças islâmicas conseguiram suplantar a feroz resistência dos bizantinos e entrar na cidade. Cartago foi então saqueada e, temendo novos contra-ataques, os árabes decidiram destruir suas fortificações e instalações portuárias, impedindo que o local voltasse a ser um bastião do cristianismo ou da resistência imperial.

A queda de Cartago teve grande impacto histórico: consolidou o domínio muçulmano sobre o norte da África, acelerando o processo de islamização e arabização da região. A antiga metrópole do Mediterrâneo foi ofuscada, e o centro do poder e da cultura local deslocou-se para novas cidades fundadas sob administração árabe, como Kairouan, que logo se tornou um dos mais importantes polos religiosos e culturais do Magrebe.

Assim, a tomada de Cartago marcou o fim definitivo de uma era e o início de uma nova fase para o norte africano, agora sob a influência do mundo islâmico.



e) Tunis após a Conquista Islâmica

Após a conquista islâmica, Túnis floresceu como um importante centro de ensino religioso, cultura e comércio no norte da África. Durante o governo da dinastia Aghlábida (séculos IX e X), a cidade destacou-se especialmente como polo intelectual e espiritual, com a criação de madraças, mesquitas e centros de estudos islâmicos que atraíam sábios e estudantes de várias regiões.

Esse período foi marcado também por grande prosperidade comercial: Túnis tornou-se uma peça vital nas rotas do Mediterrâneo, conectando o Magrebe às principais cidades portuárias do mundo islâmico e da Europa. A estabilidade proporcionada pelos califados permitiu o florescimento de mercados, artes e arquitetura, transformando a cidade em referência não só religiosa, mas também econômica e cultural para todo o Magrebe.

Com o tempo, Túnis consolidou-se como capital regional e exemplo de convivência entre tradição islâmica e vitalidade urbana, influenciando por séculos a história do norte africano.

f) Protetorado Francês

O período do protetorado francês na Tunísia (1881–1956) marcou profundas transformações no país. Em 1881, após a assinatura do Tratado do Bardo, a França estabeleceu um protetorado, assumindo o controle militar, econômico e administrativo sobre a região, embora mantendo formalmente o bey local como chefe de Estado.

Durante esses 75 anos de domínio, a influência francesa deixou marcas duradouras na política, na educação, na arquitetura e nos costumes tunisianos. Investimentos em infraestrutura, o crescimento de cidades como Túnis e Sfax, além do surgimento de uma elite escolarizada à moda ocidental, conviveram com a expropriação de terras, tensões sociais e o enfraquecimento das estruturas tradicionais locais.

Habib Bourguiba, líder tunisiano, fonte Wikipedia

O sentimento de insatisfação e resistência cresceu ao longo das décadas, levando à formação de importantes movimentos nacionalistas, como o partido Neo-Destour sob a liderança de Habib Bourguiba. Após anos de mobilização popular, greves, protestos e negociações diplomáticas, a Tunísia finalmente conquistou sua independência da França em 1956, abrindo caminho para uma nova fase da história nacional.

g) Situação Econômica Atual

Atualmente, Túnis, assim como a Tunísia em geral, enfrenta uma série de desafios econômicos estruturais, incluindo altas taxas de desemprego, especialmente entre os jovens e graduados, e a necessidade de avançar com reformas profundas para dinamizar a economia. O país lida ainda com questões como inflação, déficits fiscais e dependência de setores tradicionais.

Apesar dessas dificuldades, o turismo segue sendo um dos pilares da economia tunisiana, impulsionado pelo patrimônio histórico e cultural de Túnis, suas antigas medinas, monumentos islâmicos, e sítios arqueológicos que atraem visitantes do mundo todo. O desenvolvimento do setor de serviços, o comércio regional e o potencial para investimentos em tecnologia e energias renováveis também têm chamado a atenção como caminhos para diversificação e crescimento econômico futuro.

No entanto, para garantir maior estabilidade e prosperidade, o país segue empenhado na busca por reformas institucionais, no estímulo ao empreendedorismo e na criação de oportunidades para suas novas gerações.


h) Situação Religiosa Atual

A Tunísia é um país majoritariamente muçulmano, com a vasta maioria de sua população seguindo a tradição sunita do Islã. Apesar disso, o país preserva pequenas, mas historicamente significativas, comunidades cristãs e judaicas, que continuam atuantes, sobretudo em Túnis e nas ilhas de Djerba.

A Constituição tunisiana reconhece o Islã como religião oficial do Estado, ao mesmo tempo em que assegura a liberdade de crença e de prática religiosa para seus cidadãos. Na prática, lugares de culto cristão e judeu funcionam de forma regular, e importantes celebrações dessas comunidades são respeitadas. No entanto, existem algumas restrições: a divulgação pública de outras religiões e a conversão de muçulmanos para outras fés são sensíveis e podem enfrentar limitações diante de normas sociais e legais.

Mesmo assim, a Tunísia é conhecida, dentro do contexto árabe e norte-africano, por sua relativa tolerância religiosa e proteção das minorias, preservando seu patrimônio multicultural e a convivência pacífica entre diferentes tradições ao longo dos séculos.

2. - O que ver em Túnis atualmente


2.1 - Ruínas de Cartago

- Termas de Antonio

As termas de Antonino representam uma das estruturas mais impressionantes das ruínas de Cartago e eram as maiores termas romanas fora de Roma. Construídas entre 145 e 165 d.C., as termas cobriam uma vasta área e incluíam várias salas, como piscinas frias e quentes, além de áreas para exercícios e relaxamento.

Termas de Antonio, foto HistoriacomGosto


Termas de Antonio, foto HistoriacomGosto


- Cemitério de crianças

Conhecido como Tophet, o cemitério de Cartago tem sido objeto de muitas discussões sobre evidência de sacrifícios de crianças ou um cemitérios de crianças que morriam de morte natural. 

Este local sagrado era utilizado para rituais e sepultamentos, com evidências arqueológicas de urnas funerárias contendo restos cremados. O fato é que no local estão enterradas muitas crianças do período cartaginês.

Cemitério de Crianças, foto HistoriacomGosto


- Colina de Byrsa

A colina de Byrsa é tradicionalmente considerada o coração da antiga Cartago, onde a cidade foi fundada. Hoje, a colina abriga várias ruínas, incluindo partes do antigo bairro residencial e elementos do fórum romano construído após a destruição de Cartago pelos romanos.

Colina de Byrsa, foto HistoriacomGosto



No topo da colina, está o Museu Arqueológico de Cartago que exibe artefatos e proporciona vistas panorâmicas espetaculares das redondezas, complementando a experiência histórica. Algumas ruínas mais bem conservadas ainda são possíveis de serem encontradas;

Ruínas em Cartago, foto HistoriacomGosto


Catedral de São Luís

A catedral de São Luís foi construída entre 1884 e 1890. O projeto da catedral foi parte dos esforços do protetorado francês em deixar uma marca cultural e religiosa na Tunísia. Foi dedicada a São Luís IX, o rei da França, que morreu durante a Oitava Cruzada perto de Cartago, no século XIII.


Catedral de São Luís, foto HistoriacomGosto

Destaca-se por suas cúpulas ornamentadas e a riqueza dos detalhes presentes nas fachadas e no interior. A catedral foi desativada para culto religioso em 1964, após a independência da Tunísia, quando muitos europeus deixaram o país.

Hoje, o espaço é conhecido como "Acropolium de Cartago" e é usado principalmente para eventos culturais e musicais. A preservação histórica foi mantida, transformando-a em um local de encontro para eventos artísticos e culturais.

2.2 - O Museu do Bardo


O Museu Nacional do Bardo, localizado em Tunis, capital da Tunísia, é um dos museus mais importantes do continente africano e conhecido mundialmente por sua coleção impressionante de mosaicos romanos.

Origem e Localização:

O museu foi fundado em 1888, durante o período do protetorado francês na Tunísia, e está instalado em um antigo palácio beyer, que pertenceu aos governantes otomanos do país. Ele fica situado na cidade de Tunis, cerca de 4 km do centro da cidade, em um belo edifício que combina elementos da arquitetura tradicional árabe-muçulmana com influências europeias.

Especialidade
  • O Bardo é especialmente famoso por sua vasta coleção de mosaicos romanos. Estes mosaicos foram encontrados em sítios arqueológicos por toda a Tunísia, que era uma parte importante do Império Romano.
Mosaicos no Museu Bardo, foto HistoriacomGosto


Salões bem decorados

Salão principal do antigo palácio, foto HistoriacomGosto


Coleção e Obras
  • Os mosaicos são, sem dúvida, a atração principal do museu, incluindo peças como o “Mosaico de Virgílio”, que retrata o poeta com as Musas.
Mosaico de Vigílio, Museu Bardo, foto HistoriacomGosto

     A viagem de Ulisses

Viagem de Ulisses, Museu Bardo, foto HistoriacomGosto


  • Além dos mosaicos, o museu possui importantes coleções de esculturas antigas, incluindo estátuas de deuses romanos e figuras mitológicas.
  • O museu também abriga coleções de arte islâmica, com objetos que datam desde o início da presença muçulmana na região.

  • Visitação

O Museu do Bardo é um ponto de parada essencial para qualquer visita a Tunis, oferecendo uma visão rica da história e cultura tunisiana através dos séculos. É aconselhável verificar os horários de funcionamento e eventos especiais antes de planejar a visita.

O Bardo é não apenas uma vitrine do passado glorioso da Tunísia, mas também uma celebração da duradoura herança cultural da região.


2.3 - Medina de Túnis


A Medina de Túnis é o coração histórico da capital tunisiana e uma das medinas mais bem preservadas do mundo árabe. Fundada no século VII, logo após a conquista islâmica do norte da África, a medina desenvolveu-se rapidamente como centro de comércio, religião e cultura, tornando-se o núcleo primitivo em torno do qual a cidade moderna cresceu.

Antiga porta de entrada da Medina, foto HistoriacomGosto


Ao caminhar por suas ruas estreitas, sinuosas e vibrantes, o visitante encontra uma infinidade de monumentos históricos, que incluem mais de 700 edifícios catalogados, como mesquitas, palácios, madraças (escolas corânicas), mercados (souks) e hammams (banhos públicos). Entre seus maiores destaques estão a imponente Mesquita Zitouna (ou Mesquita da Oliveira), fundada no século VIII, e o Palácio Dar Hussein, exemplo notável da arquitetura tradicional tunisiana.

A medina não é apenas um museu a céu aberto: ela permanece viva, habitada e repleta de atividades. Os souks oferecem de tudo, desde especiarias e tecidos até joias e tapetes. Artesãos mantêm técnicas ancestrais em oficinas que passaram de geração em geração. O ambiente multicultural mistura influências islâmicas, andaluzas, otomanas e até europeias.

Fotos da Medina - HistoriacomGosto

             


  

Telhado (roof top) de uma loja na Medina



Em 1979, a Medina de Túnis foi reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO, valorizando sua riqueza arquitetônica e importância histórica. Até hoje, é um local essencial para quem quer mergulhar na autêntica cultura tunisiana, sentir a pulsação da vida cotidiana e apreciar séculos de história preservada em cada beco.

2.4 - Avenida principal de Tunis

A Avenida Habib Bourguiba, como é conhecida atualmente, começou a ganhar seu formato moderno durante o período do protetorado francês, a partir do final do século XIX e início do século XX. Originalmente, o local era apenas uma estrada que ligava a medina de Túnis ao porto.

A transformação mais marcante da avenida ocorreu a partir da década de 1880, quando os franceses urbanizaram a área e a adaptaram ao estilo dos boulevards europeus, especialmente inspirando-se nas grandes avenidas de Paris. Recebeu inicialmente o nome de "Avenue de la Marine" e mais tarde "Avenue Jules-Ferry", até ser rebatizada como Avenida Habib Bourguiba após a independência da Tunísia, em homenagem ao primeiro presidente do país.


Rua principal de Túnis, foto Wikipedia


Ao longo das primeiras décadas do século XX, a avenida foi sendo embelezada com largas calçadas arborizadas, edifícios de estilo europeu, cafés, hotéis e estabelecimentos comerciais sofisticados, consolidando-se como o principal eixo da cidade moderna de Túnis.

Teatro Municipal

O Teatro Municipal de Túnis é um dos principais símbolos culturais da capital tunisiana e uma das construções mais reconhecidas da Avenida Habib Bourguiba. Inaugurado em 1902, o edifício foi projetado em um elegante estilo Art Nouveau, distinguindo-se por suas fachadas curvas, ornamentação assimétrica e detalhes decorativos inspirados na estética europeia do início do século XX.

Teatro, foto HistoriacomGosto


2.5 - Mesquita Zitouna



A Mesquita de Zitouna, também conhecida como "Mesquita da Oliveira", é o monumento religioso mais importante e simbólico da Medina de Túnis. Fundada no ano de 698, pouco tempo após a conquista islâmica do norte da África, a mesquita foi posteriormente ampliada e remodelada ao longo dos séculos, principalmente durante os períodos aglábida, hafsíada e otomano.

Além de seu valor espiritual, a Zitouna foi, durante centenas de anos, um dos grandes centros de ensino do mundo islâmico. Sua universidade, adjunta à mesquita, desempenhou papel fundamental na formação de juristas, teólogos, cientistas, literatos e líderes de toda a região do Magrebe. Por isso, a instituição foi conhecida como um dos faróis culturais e acadêmicos do Islã, sendo frequentemente comparada a universidades como Al Quaraouiyine, em Fez, e Al Azhar, no Cairo.


Mesquita de Zitouna, foto dreamstime


A arquitetura da Mesquita de Zitouna é impressionante: seu pátio amplo cercado por arcadas, o minarete quadrado visível de diversos pontos da cidade, as colunas romanas reaproveitadas de antigos monumentos e a delicada decoração dos mihrabs e cúpulas refletem a fusão de estilos e etapas históricas.

2.6 - Catedral de São Vicente de Paula - Um marco cristão no coração de Túnis

A Catedral de São Vicente de Paulo é um dos edifícios mais emblemáticos da Avenida Habib Bourguiba, marcando a paisagem urbana de Túnis com sua imponente fachada de influência neorromânica e neobizantina. Inaugurada em 1897, durante o período do protetorado francês, a catedral foi dedicada a São Vicente de Paulo, um santo francês conhecido por seu trabalho humanitário e compromisso com a caridade.

Localizada em uma posição central, próxima à medina e ao porto, a catedral reflete a presença cristã histórica em Túnis, servindo como a principal igreja católica do país. A construção do edifício atendeu à crescente comunidade europeia da Tunísia na virada do século XX e simboliza o encontro de diferentes culturas e religiões no contexto urbano tunisiano.



Catedral São Vicente de Paula, foto HistoriacomGosto

Com seus altos vitrais, colunas maciças e ampla nave, a Catedral de São Vicente de Paulo destaca-se não apenas como um espaço de culto, mas também como um importante ponto de referência arquitetônica e turística. Até hoje, ela permanece ativa, realizando missas e eventos religiosos para a comunidade católica local e para visitantes estrangeiros.




3. 0 - Sid Bou Said


Fundação e Origens

Sidi Bou Said é uma pitoresca vila costeira localizada a cerca de 20 km ao norte de Túnis, capital da Tunísia. A cidade foi fundada no século XIII e recebeu seu nome em homenagem ao santo sufista Abu Said al-Baji, que se estabeleceu na área e lá faleceu em 1231. Antes da chegada de Abu Said, a região já era habitada, principalmente por pescadores e agricultores, mas o seu túmulo transformou o local em um centro religioso de peregrinação, o que catalisou o desenvolvimento do vilarejo em torno do mausoléu.

Os primeiros habitantes da região eram uma mistura de comunidades berberes locais e posteriormente de árabes, principalmente após a expansão islâmica no Norte da África. Com o tempo, Sidi Bou Said passou a atrair estudiosos, artistas e místicos que buscavam o ambiente tranquilo para contemplação e vida espiritual. No período otomano, a vila também recebeu famílias de notáveis e comerciantes de Túnis, consolidando-se como um refúgio tranquilo para as elites.

Definição das Cores Azul e Branca

A característica mais marcante de Sidi Bou Said—suas construções em branco com detalhes em azul—não é uma tradição tão antiga. Esse padrão foi oficialmente estabelecido no início do século XX por ordem do pintor e barão francês Rodolphe d’Erlanger. Ele, encantado pela atmosfera do lugar, decidiu restaurar sua mansão (o Palácio Ennejma Ezzahra) nestas cores e persuadiu as autoridades locais a adotarem o padrão para todas as casas. O azul foi escolhido para as portas, janelas e portões, em contraste com o branco predominante das paredes. Isso conferiu à cidade uma identidade visual única, que hoje é amplamente reconhecida e protegida por lei.

Fotos de Sid Bou Said -HistoriacomGosto



   

Grande Local Turístico

Hoje, Sidi Bou Said é um dos destinos turísticos mais emblemáticos da Tunísia. Suas ruelas íngremes e estreitas, decoradas com buganvílias, cafés tradicionais e lojas de artesanato, atraem visitantes do mundo inteiro. O vilarejo mantém uma atmosfera artística, servindo de inspiração para pintores, escritores e músicos.

Alguns pontos de destaque são:

O Palácio Ennejma Ezzahra: Hoje transformado em museu de música árabe e um centro cultural.

Cafés históricos: Como o Café des Nattes, frequentado por artistas famosos como Paul Klee e André Gide.

Vistas panorâmicas: Do Golfo de Túnis e do porto, excelentes para fotografia.


4.0 - Referências


Cartago / Tunis / Guerras púnicas == Wikipedia

Cartago / Tunis / Guerras púnicas / Sid Bou Said = Pesquisas no Chat Gpt